Crítica | Blue Lock (2022)
Uma subversão dos clichês do anime de esportes, unidos a ótimos personagens e uma perspectiva ainda maior para as próximas temporadas.
Publicado em 28 de Março de 2023, às 10h48
A história começa com a eliminação do Japão da Copa do Mundo FIFA de 2018, que causa uma inquietação na comunidade do futebol japonês. Muitos dos antigos patronos do esporte não estão muito perturbados com a falta de troféus, mas a novata Anri Teiri está furiosa, e ela está determinada a consertar o que ela vê como o problema dos jogadores japoneses. Para isso, ela contrata o enigmático e excêntrico treinador Jinpachi Ego. Acreditando que a principal carência da seleção japonesa é um atacante egoísta faminto por gols, Jinpachi Ego elabora um plano estranho para resolver este problema: Isolar 300 jovens atacantes sub-18 de todo o Japão em um centro de treinamento de última geração chamado “Blue Lock”, submetê-los a um treinamento rigoroso e fazê-los competir entre eles, com o objetivo final de transformar um dos trezentos jogadores selecionados no grande artilheiro da seleção japonesa.
A narrativa acompanha a jornada de Isagi Yoichi, um dos garotos escolhidos para o projeto, que recebeu um convite para este programa logo após seu time perder a chance de ir para o Nacional porque ele passou a bola para seu companheiro menos habilidoso, que errou. Deixando de lado suas objeções éticas ao projeto, Isagi se sente compelido a lutar para chegar ao topo, mesmo que isso signifique esmagar impiedosamente os sonhos de 299 jovens aspirantes a atacantes.
O anime/mangá de esporte é uma entidade por si só. Acredito que é uma das poucas mídias que consegue transportar de maneira tão legal e divertida a adrenalina e a emoção de um jogo de maneira tão eficaz. Também focando no desenvolvimento dos personagens é verdade, mas principalmente conseguindo fazer com que os próprios jogos sejam algo importante dentro da narrativa. Focando neles de maneira a nos deixar o tempo todo querendo saber o que vai acontecer e quais serão as resoluções que os personagens precisarão para avançar.
Só que Blue Lock consegue ser exatamente o contrário dos animes de esporte que conhecemos. Se normalmente a ideia é focar no trabalho de equipe e em como nada pode ser feito sozinho, aqui temos uma abordagem que foca no individual. Onde o objetivo principal do anime não é cooperar com os outros jogadores e sim ser o mais importante do time e marcar o máximo de gols possíveis. Algo que o próprio Isagi vai aprendendo conforme o tempo passa.
Em um primeiro momento admito que achei que essa abordagem não se sustentaria por muito tempo. E até temos vislumbres de cooperação como algo importante. Só que ele consegue, várias vezes, subverter o conceito e fazer com que os personagens ‘se devorem’ para assim conseguir ir adiante dentro do Blue Lock. O que conta muitos pontos de criatividade da maneira como ele faz essas subversões.
Só que nenhuma história, e principalmente um anime de esporte, consegue se sustentar sem ótimos personagens. Isagi é um ótimo protagonista e consegue variar entre a cooperação e o egoísmo conforme vai entendendo como aquela seleção está acontecendo.
O Bachira tem um ótimo desenvolvimento, principalmente no jogo final. Chiguiri sai de alguém que parecia inútil para um dos principais jogadores ao fim dessa primeira temporada. Kunigami tem um final bem inesperado. E até mesmo alguns antagonistas, como Nagi e o Barou tem seu destaque e desenvolvimento próprio na segunda parte do anime. Além, é claro, dos número 1 Itoshi Rin que também é visto como alguém intocável mas que no final vê como ainda tem muito a evoluir.
Estamos diante do mais novo fenômeno do mundo dos animes com toda a certeza. Ainda mais focado em futebol, que é um dos maiores esportes do mundo, isso fica ainda mais verdadeiro. Um anime que consegue nos prender o tempo inteiro de maneira competente, tem ótimo personagens e uma perspectiva ainda maior com o final do 24º episódio. Um puta de um anime que, sinceramente, todo mundo vai gostar. E que com toda certeza promete muito para as continuações que virão.
Anime: Blue Lock
Diretor: Tetsuaki Watanabe
Estúdio: Eight Bit
Distribuído pela: Crunchyroll
Nota: 10/10