Crítica | “Avatar: O Caminho da Água” é um convite para mergulhar no oceano de Pandora

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James Cameron inundam nossos olhos com tons azuis, nos faz mergulhar nas águas de Pandora e narrativa surpreende

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 27 de Dezembro de 2022, às 00h05

Crítica| "Avatar: O caminho da água" é um convite para mergulhar no oceano de PandoraEfeitos visuais impressionam e exploram ainda mais os tons azuis de Pandora. Foto: Divulgação/20TH Century Studios

A sequência de Avatar certamente é um dos filmes mais aguardados desde o lançamento do primeiro, em 2009.

O longa estreou no dia 15 de dezembro e nos convida a mergulhar nas águas de Pandora, para conhecermos uma região não explorada na primeira produção. O filme já arrecadou U$ 800 milhões em 10 dias e se mantém no 5ª lugar de maior bilheteria mundial.  

Esperamos 13 anos por essa sequência, mas podemos dizer que fomos recompensados com uma produção cativante e com efeitos gráficos que impressionam os olhos. A tecnologia, assim como no primeiro filme, foi grande aliada de James Cameron e é perceptível a evolução gráfica de um filme para outro.

Essa demora pode servir de inspiração para outras produtoras que costumam lançar filmes desenfreados e com efeitos visuais abaixo do esperado, o que resulta numa má experiência. Avatar: O Caminho da Água mostra que não é preciso uma produção acelerada para entreter o público, desde que seja algo bem feito e é isso que encontramos nessa sequência.

E por que tanto tempo? O diretor não poupou esforços e nem dinheiro para trazer uma produção que merece grande destaque e que pode ser considerada a maior dos últimos tempos. 

O mesmo pode ser dito de seu antecessor que surpreendeu ao trazer a capacidade máxima da tecnologia 3D, fazendo com que os mosquitos presentes no filme marcassem presença nas salas de cinema e isso também aconteceu no último longa.

Produção

Cameron surpreendeu com uma nova forma de produzir as cenas subaquáticas, fazendo algo o mais real possível. Para se ter uma ideia, os atores e atrizes não ficaram suspensos em cabos a fim de simular as cenas dentro da água, como normalmente acontece. Eles foram submersos em tanques de água enormes que foram elaborados para dar mais fidelidade ao universo subaquático de Pandora. Todos foram preparados para que pudessem respirar por mais tempo embaixo d’água. A atriz Kate Winslet (Ronal no filme e que deu vida a Rose DeWitt Bukater em Titanic) conseguiu ficar 7 minutos no tanque de água para gravar as cenas.

Avatar: O Caminho da Água /Foto: Divulgação 20th Century Studios
Avatar: O Caminho da Água /Foto: Divulgação 20th Century Studios

Com todo esse trabalho árduo, James Cameron conseguiu aquilo que aguardávamos: uma superprodução digna do tempo de espera. Cameron revolucionou a forma de produzir em um ambiente aquático e outros diretores poderão sofrer ao tentar fazer algo semelhante.

O Filme

A história de Avatar: O Caminho da Água gira em torno de Jake Sully (Sam Worthington), que se tornou um Avatar após criar um grande vínculo com os Na’vi no primeiro longa e traz um vilão inesperado, o Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), que morreu no primeiro filme pelas mãos de Neytiri (Zoë Saldaña).

Jake assumiu o papel como líder dos Na’vi, mas não vimos esse papel ser muito desdobrado no longa, até porque as ações humanas foram rápidas e de início já nos deparamos com indícios de um novo cenário de guerra. 

No primeiro filme, o estopim para o conflito foi a extração de Unobtanium, um composto que só é encontrado em Pandora e que vale bilhões de dólares. Nesta sequência, a vida na terra está ameaçada e os humanos precisam de um novo lugar para morar e Pandora foi a terra escolhida, mas isso não foi muito explorado.

Em Avatar: O Caminho da Água a família de Jake corre perigo com o retorno do inimigo dos Na’vi. E ainda, para surpresa de muitos, o Coronel Miles aparece como um Avatar, raça que ele não poupou em demonstrar repúdio e ódio, tanto que os intitula como selvagens.

Avatar: O Caminho da Água /Foto: Divulgação 20th Century Studios
Avatar: O Caminho da Água /Foto: Divulgação 20th Century Studios

Para fugir desse inimigo, Jake e sua família deixam sua tribo e buscam refúgio no povo do mar, os Metkayina, que possuem uma relação muito forte com a água e vivem dela. Para sobreviver, a família Sully precisará aprender e se readaptar, assim como Jake fez anteriormente.

Pelo fato dessa sequência seguir uma premissa semelhante a primeira produção –uma mensagem poética sobre os impactos do desmatamento desenfreado e os danos que as guerras causam na vida humana, animal e ambiental – muitos poderão considerar o filme exaustivo, ainda mais por perceber que faltam muitos pingos nos is, mas é bem provável que tudo seja esclarecido nas próximas sequências que já estão confirmadas.

Mesmo assim, o filme nos convida a ir até o final, principalmente pelos efeitos visuais que surpreendem os olhos e nos fazem pensar que haverá algo ainda mais fascinante. O azul ganhou ainda mais destaque nessa continuação. Os tons florescentes se sobressaíram, ainda mais nas noites de Pandora. Os detalhes dos peixes, das algas e de toda vida marinha, não só nos fazem sentir que estamos nas águas de Pandora, mas desperta em nós a vontade de mergulhar nesses mares.

Todos os detalhes das mãos, rostos e cabelos, nos impedem, por muitas vezes, de saber o que é de verdade e o que é CGI. Além disso, os respingos, as bolhas de respiração e os detalhes embaixo d’água, cativam os olhos.

Os efeitos sonoros também merecem destaque, pois ajudam na imersão no oceano do planeta, desde aqueles que representam o movimento dos personagens na água, como a chuva e também das ondas que batem nas pedras.

Referências

As referências do diretor da realidade são notórias. É possível perceber que não foi só da cultura africana que ele bebeu, mas também dos povos tradicionais indígenas, que tinham como principal objetivo proteger a mãe natureza e os Na’vi têm o mesmo papel. Isso fica mais explícito quando vemos a dor desse povo ao ver a natureza de Pandora sendo destruída pelo povo do céu. Cabe a Zoë Saldaña, como Neytiri, fazer o telespectador sentir esse sofrimento, quando os humanos queimam uma região de Pandora, assim como fez no primeiro filme.

Além disso, nesta sequência será possível se lembrar de um personagem que marcou uma geração, Tarzan, e a relação entre o filho de Jake, Lo’ak (Britain Dalton), com um Tulkun exilado relembra o clássico filme Free Willy e Pinóquio. E ainda, podemos perceber breves referências na Dança de Guerra dos Maiori, chamada de Haka.  

Apesar de longo, não dá para dizer que o roteiro e a narrativa fazem com que o filme seja cansativo. Pois, mesmo seguindo uma linha semelhante ao primeiro longa, a presença dos novos personagens nos induz a querer saber seu desfecho, pois fica claro que haverá uma nova história a ser contada.

E preciso pontuar o cuidado de Cameron em não dar detalhes sobre os filhos de Jake Sully, especialmente Kiri (Sigourney Weaver), filha da Dra. Grace Augustine, interpretada pela mesma atriz no primeiro longa, que teve um destaque por ser a primeira a demonstrar o uso de poderes ligados a Eywa. Podemos confiar que os próximos filmes serão bem construídos e todas as perguntas serão respondidas.

Mesmo com uma duração acima do normal, o filme merece destaque nos holofotes. Os efeitos especiais revolucionários garantem uma imersão em um universo como nenhum outro filme.