Crítica: Capitão América: Admirável Mundo Novo – um passo seguro, mas não revolucionário

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Capitão América: Admirável Mundo Novo traz Sam Wilson assumindo de vez o legado do herói em uma trama política envolvente. Confira nossa crítica completa!

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 17 de Fevereiro de 2025, às 09h14

Capitão América 4 não foge do óbvio, por isso não impressionaCapitão América 4. Foto: Divulgação

O Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) vinha enfrentando uma crise de identidade nos últimos anos, com lançamentos que dividiram opiniões e deixaram os fãs preocupados com o futuro da franquia.

Capitão América: Admirável Mundo Novo chega com a missão de recuperar a confiança do público, marcando a primeira grande aparição de Sam Wilson (Anthony Mackie) no papel do Sentinela da Liberdade. A boa notícia é que o filme entrega uma experiência sólida e bem estruturada, mesmo sem reinventar a roda.

Uma trama política bem construída

O longa já começa com ação, mostrando Sam Wilson em missão ao lado de Joaquin Torres (Danny Ramirez), que assume oficialmente o manto de Falcão. A química entre os dois é um dos pontos altos do filme, trazendo um dinamismo divertido que remete à relação entre Sam e Steve Rogers (Chris Evans) nos filmes anteriores.

A narrativa logo se desloca para um evento na Casa Branca, onde descobrimos que a missão inicial estava ligada a um carregamento de adamantium, o metal raro que agora se tornou um elemento central do universo Marvel.

Esse material foi extraído da Ilha Celestial, o corpo petrificado de Tiamut visto em Eternos. O presidente dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (Harrison Ford), tenta negociar um acordo global para a sua exploração, mas tudo muda quando Isaiah Bradley (Carl Lumbly), o Capitão América esquecido, surge em um aparente atentado. Esse incidente coloca Sam Wilson no centro de uma conspiração política, obrigando-o a questionar quem realmente são os aliados e inimigos.

Uma aposta no seguro

O roteiro segue uma estrutura clássica da Marvel: um protagonista confrontado por um dilema moral, um inimigo que inicialmente parece um traidor, mas que esconde um vilão maior nos bastidores.

Embora previsível, essa abordagem funciona dentro da proposta do filme. Diante do cenário instável do MCU, apostar no seguro foi uma escolha estratégica, garantindo um filme coeso e bem executado.

Entretanto, um dos problemas foi a antecipação de certas revelações. O fato de o marketing do filme ter revelado que Thaddeus Ross se transformaria no Hulk Vermelho tirou parte do impacto da cena.

A transformação, embora visualmente bem feita, perde força pelo excesso de previsibilidade. Além disso, o verdadeiro vilão não consegue causar tanto impacto quanto deveria, tornando o clímax do filme menos envolvente.

Sam Wilson e a identidade do novo Capitão América

Sam Wilson é o novo Capitão América. Foto: Divulgação

Desde Falcão e o Soldado Invernal, a grande questão era se Sam Wilson poderia ocupar o lugar de Steve Rogers. Admirável Mundo Novo responde isso de forma clara: Sam não precisa do soro do supersoldado para ser digno do escudo. O filme reforça essa ideia ao mostrar as dificuldades que ele enfrenta por não ter habilidades sobre-humanas, mas também destaca seu caráter, inteligência estratégica e habilidade de inspirar as pessoas ao seu redor.

Há uma cena clássica de filmes de super-heróis em que o protagonista duvida de si mesmo e recebe um discurso motivacional. Sim, é um clichê, mas é um daqueles momentos que aquecem o coração e lembram por que amamos esse tipo de história.

Atuações e aspectos técnicos

Harrison Ford como Thaddeus Ross em Capitão América 4. Foto: Divulgação

Se há algo que realmente eleva o filme, são as atuações. Harrison Ford entrega um Thaddeus Ross imponente e multifacetado, mantendo a essência do personagem e adicionando novas camadas. Anthony Mackie e Danny Ramirez brilham juntos, reforçando a importância da parceria entre Capitão América e Falcão.

As cenas de ação são bem coreografadas e respeitam o estilo de luta de Sam Wilson, que depende mais de agilidade e técnica do que de força bruta. O CGI está dentro do esperado, sem grandes deslizes, e a estética do filme mantém a identidade visual do MCU sem exageros.

Capitão América: Admirável Mundo Novo não é um divisor de águas para o MCU, mas cumpre bem seu papel. Ele resgata elementos que fizeram os primeiros filmes do Capitão América funcionarem, entrega personagens carismáticos e constrói uma narrativa política envolvente.

Ainda assim, a previsibilidade do roteiro e a falta de um antagonista realmente marcante impedem que o filme atinja um nível mais alto.

No fim, o saldo é quase positivo: um filme seguro, bem executado e que reforça que Sam Wilson é, sim, um Capitão América digno do escudo. Resta saber se a Marvel conseguirá manter essa trajetória ascendente nos próximos lançamentos e quais serão seus próximos passos.