Crítica | O assassino, de David Fincher

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Com o estilo característico de Fincher, temos uma narrativa envolvente que não cai no clichê da redenção

Rita Caló

Publicado em 18 de Outubro de 2023, às 17h33

Michael Fassbender vive um assassino profissional em busca de vingança.Michael Fassbender vive um assassino profissional em busca de vingança. | Imagem: Netflix ©2023

Em “O assassino” (The Killer), novo filme do consagrado David Fincher, baseado na graphic novel de Alexis “Matz” Nolent e Luc Jacamon, acompanhamos um assassino de aluguel sem nome, em uma espécie de jornada de vingança, embora o mesmo afirme frequentemente que nada em relação ao seu trabalho é pessoal. 

O longa inicia com um grande monólogo, enquanto o protagonista se prepara para executar sua tarefa, e a quebra de expectativa ocorre quando, após todo seu discurso sobre precisão, erra o alvo. Depois do ocorrido entramos em uma busca de vingança pelas consequências de seu erro. Sem uma produção grandiosa e com um ritmo mais lento, o filme consegue prender o espectador, enquanto aguardamos o desenrolar da trama. 

Com pouquíssimos diálogos, acompanhamos em sua maioria o seu fluxo de pensamento do personagem, e assim é possível notar sua frieza e falta de empatia, que faz apenas o que é pago para fazer sem grandes questionamentos morais. Essa premissa traz uma contradição, já que restante do filme sua motivação é puramente pessoal, indo além de apenas um acerto de contas. 

O filme é divido em capítulos, e cada uma diz a respeito das etapas do longa, mas apenas ilustrando as locações e alvos. Ao contrário da maioria dos filmes sobre assassinos profissionais, aqui não temos redenção ou transformação em herói, mesmo nos momentos em que temos vislumbres de virada, o protagonista se mantém fiel a suas diretrizes citadas no início e conclui seu objetivo.  

O ator Michael Fassbender ficou perfeito no papel, com as poucas interações do filme, a narrativa fica toda a seu cargo, contando com sua expressividade sem exageros, ele consegue nos passar a frieza do personagem, mas sem deixa ló artificial ou caricato. As outras participações são breves, como a da atriz brasileira Sophie Charlotte, que mesmo assim é uma peça importante nas motivações do protagonista. Contamos também com Tilda Swinton, que pra mim teve uma das cenas mais legais do filme, que nos traz justamente uma das quebras de expectativa mencionadas, já que sempre esperamos a redenção ou mudança na trajetória da trama.  

O filme tem poucas cenas de ação, mas consegue deixar o espectador atento e não perde o ritmo. A fuga do início, e a própria preparação no começo da sequência, consegue nos mostrar sem muita enrolação um protagonista perfeccionista e cuidadoso, deixando bem claro que ele não é um amador. 

“O Assassino” chega na Netflix dia 10 de novembro, mas também ficará disponível em cinemas selecionados a partir do dia 26 de outubro. O filme foi exibido inicialmente na competição do 80º Festival de Veneza, e ficou com 88% de aprovação no Rotten Tomatoes. Confira o trailer abaixo: