Crítica: Perlimps

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Nova animação de Alê Abreu encanta e alerta sobre causas políticas e ambientais

Autor Fran Sanna
Fran Sanna

Publicado em 4 de Fevereiro de 2023, às 15h44

Bruô e Claé, personagens dublados por Giulia Benite e Lorenzo Tarantelli - Foto: Divulgação Vitrine FilmesBruô e Claé, personagens dublados por Giulia Benite e Lorenzo Tarantelli – Foto: Divulgação Vitrine Filmes

Perlimps, novo filme de animação assinado Alê Abreu, diretor brasileiro que teve uma indicação ao Oscar em 2016 com a animação O Menino e o Mundo chega aos cinemas no próximo dia 09 de fevereiro e o Geekship teve o acesso ao filme antes da estreia nas telonas.

Na história, acompanhamos a jornada de Claé e Bruô, dois agentes que foram designados para uma missão em comum: Localizar os Perlimps e impedir que “Os Gigantes” devastem ainda mais o local onde eles moram com o que eles chamam de “A Grande Onda”. Acontece que os dois agentes são de reinos diferentes e consequentemente rivais. Enquanto Claé é do reino do Sol, Bruô é do reino da Lua. Apesar das desavenças e do clima de competição constante, os dois acabam unindo forças para concluirem a missão juntos.

https://youtu.be/l4fcNtKmbls

Assim como no filme O Menino e o Mundo, em Perlimps, Alê Abreu também traz pro universo de suas animações questões sociopolíticas. Todo o roteiro de Perlimps faz analogia sobre a destruição na natureza, guerra, criação de usinas onde há vidas e todas as desgraças que o capitalismo pode trazer não só para os seres humanos, mas para animais indefesos. Durante o filme é notável ver algumas cenas semelhantes com o mundo que nós conhecemos, como muros que separam cidades e classes sociais, preconceitos raciais e étnicos, etc.

Com os traços e animações de Alê, o filme que tem de 80 minutos de história chega a ser hipnotizante, todas as analogias ficam bem adaptadas e não deixa o filme denso, partindo do principio que o público majoritário aqui será o infanto-juvenil. Entender se toda aquela aventura foi real ou imaginação de Claé e Bruô também é uma grande pergunta que o filme deixa após toda a mensagem transmitida sobre respeito à natureza e suas formas de vida.

Eu achei bem interessante a construção de cores dos personagens, que acabam transmitindo a energia de cada personagem. Os tons em azul de Bruô, emana uma energia mais calma, cautelosa, até um pouco mais introspectiva, enquanto as cores avermelhadas de Claé emana a energia do personagem mais peralta e imperativo, um clichê de animações para mostrar gênios opostos mas que aqui funciona super bem.

Além disso, gosto muito do formato de trabalho que o diretor tem com suas aninações, não é algo de arregalar os olhos como grandes produções nível Disney, é um trabalho minimalista e muito bonito, as transições de cenas são uma graça. Assistir as animações de Alê Abreu é como estar sentada na sala de estar do diretor enquanto ele te conta uma história passando tela por tela de suas artes produzidas.

Cena de Perlimps – Foto: Divulgação Vitrine Filmes

Destaco aqui também as dublagens de Lorenzo Tarantelli e Giulia Benite, que fazem respectivamente Claé e Bruô. Eu adoro criança dublando, primeiro porque não é um trabalho fácil externar emoções apenas por voz de forma profissional e os dois conseguem fazer isso super bem. E segundo porque a sinergia dos personagens combinaram perfeitamente na voz dos atores.

Esse é o primeiro trabalho como dubladora de Giulia Benite, que é conhecida por fazer a adapatação no cinemas da personagem Mônica, eternizada por Maurício de Sousa. Já Lorenzo, é bem experiente dublando, conhecido por seus trabalhos em “Young Sheldon”, “Pantera Negra” e “Raya e Último Dragão”.

Além disso, um grande nome do projac faz uma participação nas dublagens, o ator Stênio Garcia que interpreta o personagem João de Barro, considerado importante dentro da trama, que com sua voz sábia, dá um direcionamento importante para a duplinha de aventureiros.

Por fim, o filme tem uma proposta bem simples mas sutil que encanta crianças e adultos de todas as idades e também consegue passar a mensagem do roteiro de forma lúdica e construída do início ao fim.