Crítica: Perlimps
Nova animação de Alê Abreu encanta e alerta sobre causas políticas e ambientais
Publicado em 4 de Fevereiro de 2023, às 15h44
Perlimps, novo filme de animação assinado Alê Abreu, diretor brasileiro que teve uma indicação ao Oscar em 2016 com a animação O Menino e o Mundo chega aos cinemas no próximo dia 09 de fevereiro e o Geekship teve o acesso ao filme antes da estreia nas telonas.
Na história, acompanhamos a jornada de Claé e Bruô, dois agentes que foram designados para uma missão em comum: Localizar os Perlimps e impedir que “Os Gigantes” devastem ainda mais o local onde eles moram com o que eles chamam de “A Grande Onda”. Acontece que os dois agentes são de reinos diferentes e consequentemente rivais. Enquanto Claé é do reino do Sol, Bruô é do reino da Lua. Apesar das desavenças e do clima de competição constante, os dois acabam unindo forças para concluirem a missão juntos.
Assim como no filme O Menino e o Mundo, em Perlimps, Alê Abreu também traz pro universo de suas animações questões sociopolíticas. Todo o roteiro de Perlimps faz analogia sobre a destruição na natureza, guerra, criação de usinas onde há vidas e todas as desgraças que o capitalismo pode trazer não só para os seres humanos, mas para animais indefesos. Durante o filme é notável ver algumas cenas semelhantes com o mundo que nós conhecemos, como muros que separam cidades e classes sociais, preconceitos raciais e étnicos, etc.
Com os traços e animações de Alê, o filme que tem de 80 minutos de história chega a ser hipnotizante, todas as analogias ficam bem adaptadas e não deixa o filme denso, partindo do principio que o público majoritário aqui será o infanto-juvenil. Entender se toda aquela aventura foi real ou imaginação de Claé e Bruô também é uma grande pergunta que o filme deixa após toda a mensagem transmitida sobre respeito à natureza e suas formas de vida.
Eu achei bem interessante a construção de cores dos personagens, que acabam transmitindo a energia de cada personagem. Os tons em azul de Bruô, emana uma energia mais calma, cautelosa, até um pouco mais introspectiva, enquanto as cores avermelhadas de Claé emana a energia do personagem mais peralta e imperativo, um clichê de animações para mostrar gênios opostos mas que aqui funciona super bem.
Além disso, gosto muito do formato de trabalho que o diretor tem com suas aninações, não é algo de arregalar os olhos como grandes produções nível Disney, é um trabalho minimalista e muito bonito, as transições de cenas são uma graça. Assistir as animações de Alê Abreu é como estar sentada na sala de estar do diretor enquanto ele te conta uma história passando tela por tela de suas artes produzidas.
Destaco aqui também as dublagens de Lorenzo Tarantelli e Giulia Benite, que fazem respectivamente Claé e Bruô. Eu adoro criança dublando, primeiro porque não é um trabalho fácil externar emoções apenas por voz de forma profissional e os dois conseguem fazer isso super bem. E segundo porque a sinergia dos personagens combinaram perfeitamente na voz dos atores.
Esse é o primeiro trabalho como dubladora de Giulia Benite, que é conhecida por fazer a adapatação no cinemas da personagem Mônica, eternizada por Maurício de Sousa. Já Lorenzo, é bem experiente dublando, conhecido por seus trabalhos em “Young Sheldon”, “Pantera Negra” e “Raya e Último Dragão”.
Além disso, um grande nome do projac faz uma participação nas dublagens, o ator Stênio Garcia que interpreta o personagem João de Barro, considerado importante dentro da trama, que com sua voz sábia, dá um direcionamento importante para a duplinha de aventureiros.
Por fim, o filme tem uma proposta bem simples mas sutil que encanta crianças e adultos de todas as idades e também consegue passar a mensagem do roteiro de forma lúdica e construída do início ao fim.