Crítica: série adolescência da Netflix

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Adolescência”, da Netflix, é uma minissérie impactante que explora a radicalização juvenil e influências digitais.

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 21 de Março de 2025, às 08h21

Crítica: série adolescência da NetflixAdolescence. Stephen Graham as Eddie Miller in Adolescence. Cr. Courtesy of Netflix © 2024

A minissérie britânica Adolescência, da Netflix, conquistou críticos e espectadores. Com apenas quatro episódios, tornou-se um dos títulos mais assistidos da plataforma. A produção recebeu elogios por sua abordagem impactante e pelo método inovador de filmagem. Mas, vale a pena assistir? Esse hype faz sentido? Vamos te contar.

Jamie Miller, personagem interpretado por Owen Cooper
Jamie Miller, personagem interpretado por Owen Cooper. Foto: Reprodução. Netflix © 2024

Jack Thorne e Stephen Graham criaram Adolescência, e Graham também atua na minissérie. A trama mostra Jamie Miller (Owen Cooper), um adolescente de 13 anos acusado de assassinar uma colega de escola. Sendo assim, a história investiga influências sociais negativas e o impacto do ambiente digital na juventude.

Além disso, Jack Thorne afirmou que desejava “olhar nos olhos da ira masculina”. A série destaca a influência de figuras como Andrew Tate e discursos misóginos na internet. A narrativa revela como esses fatores moldam a mentalidade juvenil e levam à violência extrema.

A direção de Philip Barantini se destaca por usar plano-sequência, sem cortes visíveis. Esse método adiciona realismo e urgência à narrativa. O público se sente imerso na história.

Esse formato reforça a tensão da trama. Aliás, no primeiro episódio, acompanhamos a prisão de Jamie. A invasão da polícia, o interrogatório e as reações de seu pai, Eddie Miller (Stephen Graham), ocorrem sem interrupção. Isso torna a experiência ainda mais angustiante.

Atuações excepcionais

Owen Cooper entrega uma performance impressionante. O jovem ator transita entre vulnerabilidade, raiva e confusão. Por isso, seu retrato de um adolescente influenciado por ideias destrutivas parece assustadoramente real.

Stephen Graham também brilha como o pai de Jamie. Ele transmite desespero e impotência diante da situação do filho. Erin Doherty, no papel da psicóloga infantil, se destaca. Sua interação com Jamie é um dos momentos mais impactantes da série. Então, a cena expõe o perigo da radicalização masculina e a dificuldade de reverter esse processo.

Um estudo social sobre a juventude moderna

Adolescência vai além de contar uma história envolvente. A série levanta questões essenciais sobre redes sociais e influências nocivas na identidade juvenil. Além disso, o enredo explora temas como bullying, misoginia e a falta de controle parental sobre o consumo digital.

A crítico Anita Singh, do Telegraph, descreveu a série como “devastadora”. Jake Kanter, do Deadline, afirmou que se trata de “uma das produções mais impecáveis da TV moderna”.

Portanto, a abordagem realista e provocadora de Adolescência a coloca entre as melhores séries dramáticas das últimas décadas.

Com atuações marcantes, direção ousada e uma história que reflete questões urgentes, Adolescência se destaca. A minissérie vai além do thriller dramático. Ela serve como um alerta sobre radicalização juvenil e influências negativas.

A execução impecável e a coragem em abordar temas polêmicos fazem de Adolescência uma das melhores séries televisivas dos últimos anos.