Crítica | The Electric State: Vale a pena assistir?
Lançamento é a nova aposta em Ficção da Netflix.
Publicado em 15 de Março de 2025, às 14h16
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The Electric State é a aposta mais cara da Netflix em ficção científica, com um orçamento ousado de US$ 320 milhões! Na trama, Millie Bobby Brown é Michelle, uma garota órfã num mundo retro-futurista dos anos 90. Certo dia, ela recebe uma visita inusitada: um robô com rosto de desenho animado a convida para uma jornada através de um EUA decadente, separado entre humanos e máquinas.
Em um dia, os robôs são a criação mais perfeita da humanidade e tornam suas vidas mais fáceis. No outro, se tornam uma grande ameaça. Neste cenário, estamos de volta ao mesmo dilema visto em Blade Runner, Westworld e Detroit Become Human. O que realmente separa humanos das máquinas?
Dirigido pelos irmãos Russo, conhecidos por Vingadores: Ultimato, o longa tenta traduzir a estética e o universo distópico do romance ilustrado de Simon Stålenhag para a tela. Veja o que achamos desse grande lançamento!
Um toque de Sessão da Tarde
Os primeiros momentos do filme trazem o puro gosto de nostalgia. A história de dois irmãos bastante próximos, que acaba em tragédia. Depois, há uma pitada de clichê: Michelle se torna uma garota rebelde com dificuldades em seguir regras, que guarda as próprias mágoas no bolso.
Mas, há um grande problema: após a Revolta das Máquinas organizada pelos robôs e seu líder, eles falharam na missão. E aqueles que sobraram foram exilados na Zona de Exclusão. Assim, qualquer humano que fosse visto na companhia de um robô, seria punido pela lei.
Agora, as coisas ganham um toque de Sessão da Tarde, quando Cosmo, um robô amarelo com sorriso simpático, invade a casa de Michelle. Usando palavras repetitivas, ele a convence de que tem respostas sobre o desaparecimento de seu irmão. Daqui para frente, a obra ganha um toque de filme da Sessão da Tarde e consegue prender a atenção de um jeito especial.
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Espera… Eu já vi isso antes?
Em pouco tempo, The Electric State assume um tom de melancolia e alívio cômico, bastante comum na franquia de jogos Fallout. O mundo já não é mais o mesmo, as pessoas se tornaram dependentes da alta tecnologia e vivem presas em dispositivos criados para movimentar ”cópias mecânicas” de si mesmas.
Enquanto isso, algumas cenas até refletem como Cosmo, um robô considerado inimigo da sociedade, foi capaz de sentir empatia por um humano. Enquanto a dinâmica de Cosmo e Michelle é mais tranquila, Keats (Chris Pratt) e Herman protagonizam momentos divertidos e com muitas referências.
No entanto, mesmo com uma proposta de adaptação brilhante da graphic novel de Simon Stålenhag, o filme não consegue o ritmo por muito tempo. Em outras palavras, apesar de discutir temas como a relação entre humanidade e tecnologia, o roteiro se torna um pouco cansativo.
Ao longo da trama, o que poderia ter sido uma profunda reflexão sobre o avanço tecnológico e seus impactos sociais, acaba sendo diluído em meio a cenas de ação repetitivas e diálogos que não conectam emocionalmente com o espectador.
Um visual encantador
Apesar dos pontos negativos, não há como negar que The Electric State é uma experiência visual incrível. Afinal de contas, os efeitos especiais e a direção de arte conseguem criar um ambiente marcante, onde o retro-futurismo dos anos 1990 é combinado ao clima de distopia de um mundo pós-revolta dos robôs. No entanto, nem mesmo os visuais incríveis conseguem sustentar a narrativa que se mostra vazia.
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Millie Bobby Brown e Chris Pratt dão um show de carisma
Sem dúvida, Millie Bobby Brown é uma das razões que torna o filme mais dinâmico. Sua performance tem um grande carisma, sempre expressiva, com a energia de uma garota que não tem nada a perder em busca de respostas. No entanto, a personagem também não escapa da queda de roteiro pela falta de desenvolvimento emocional que não gera maior conexão.
Enquanto isso, Chris Pratt surge com o contrabandista Keats, alguém descolado, que tenta ter o charme de Han Solo, com sua dinâmica com Herman sendo um dos pontos mais altos do filme. Para uma das produções mais caras da plataforma de Streaming, o resultado não empolga tanto assim.
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Vale a pena assistir The Electric State?
Christopher Markus e Stephen McFeely lideram o roteiro de The Electric State, que tenta encaixar um misto de elementos – a crítica à tecnologia, a jornada do herói e a estética nostálgica dos anos 90 – mas não consegue desenvolver todos eles de maneira convincente.
A direção dos irmãos Russo, que já foi bastante elogiada por filmes épicos e emocionantes, rendeu ao filme um título de ”Óbvio, espalhafatoso e bobo” pelo The New York Times e uma aprovação atual de apenas 19% no Rotten Tomatoes.
No entanto, a experiência com o filme não é ruim. É algo que assistimos esperando por um toque mais grandioso, digno da própria graphic novel distópica, mas que no filme, se torna apenas mais um clichê para maratonar no fim de semana.
The Electric State está disponível na Netflix.
