Crítica | Tudo em todo lugar ao mesmo tempo (2022)

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Um filme que tem só qualidades nos 2/3 iniciais mas que, pelo menos para mim, acaba caindo um pouco na hora de solucionar os problemas.

Autor Léo Fuita
Léo Fuita

Publicado em 27 de Fevereiro de 2023, às 15h22

Crítica | Tudo em todo lugar ao mesmo tempo (2022)Foto: Divulgação

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo acompanha Evelyn Wang, uma mulher de meia-idade que emigrou da China, deixando os seus pais para trás para seguir o sonho americano com o marido, Waymond. Os dois abriram uma lavandaria, por cima da qual vivem com a filha, Joy, a primeira geração da família a crescer nos EUA. Em um dia atribulado, ela é arrastada para uma aventura insana, onde precisa salvar o mundo ao explorar outros universos conectados com a vida que ela poderia ter vivido.

Eu vou muito pouco no cinema. Tanto pelo preço quanto pela preguiça mesmo de me deslocar para ver um filme. Mas esse era um dos que eu me arrependi de não ter ido ver no cinema. Principalmente pela enxurrada de reviews positivos e gente surtando sobre como esse era o melhor filme da vida deles. Algo que finalmente mudou quando ele chegou no Amazon Prime. Só que, para mim, todo esse hype acabou sendo prejudicial.

Fonte: Divulgação / A24

Acho que o primeiro e o segundo terço desse filme são incríveis. Nos coloca na vida complicada que aquela família está vivendo, nos mostrando como são suas relações com pouquíssimo tempo de tela. Sendo muito competente em nos mostrar como a mãe está sempre ocupada e que por isso acaba negligenciando todas as relações que possui. O que fica claro com o marido que quer pedir o divórcio e a filha que não consegue ter uma conversa decente com ela durante boa parte desse começo.

Quando começa a parte do multiverso esse filme também é muito competente. Conseguindo nos explicar de maneira simples e direta como ele funciona e porque a protagonista desse universo é importante. Isso tudo fazendo com que a história ande e não fique parada com explicações chatas e monótonas.

Além disso a ação é simplesmente incrível. Acho que não tem uma luta que não seja divertida e legal de assistir. Conseguindo dar o peso necessário para determinadas partes ao mesmo tempo que tem aquele humor que é digno de filmes antigos do Jackie Chan.

Para unir essas características o humor tem um papel importantíssimo. Sendo algo que consegue ser feito sem parecer gratuito e, também, setando muito do tom do filme em várias partes. Começando pela genial ideia de fazer algo absurdo na hora de ‘pular’ a outro multiverso e que rende as melhores cenas do filme todo.

Não podemos esquecer também da criatividade dos multiversos. Onde temos o mundo em que a vida não se desenvolveu e todos são apenas pedras e um outro onde as pessoas possuem dedos de salsichas. Não sendo somente algo de passagem, como em Doutor Estranho, e servindo a história de maneira importante, sem parecer que foi colocado somente como uma brincadeirinha que não leva a lugar algum.

Mas porque eu não gostei tanto quanto queria? Muito por causa do último terço do filme.

Fonte: Reprodução / Amazon Prime Video

Acho que o primeiro problema é a solução onde o marido da Evelyn tem o seu protagonismo. Onde a gentileza dele é colocada como um dos pontos mais importantes para resolver muitos dos conflitos e usado como uma solução, para mim, fácil demais principalmente depois de tantos diálogos potentes entre ela e a filha.

Algo que infelizmente me tirou um pouco do filme, que pelo menos para mim, parecia ir em direção a uma solução com um pouco mais de pé no chão e menos fantasiosa onde todos ficam bem no final das contas. Já que alguns dos diálogos como aquele em que ela e a filha estão como pedras indicarem uma relação muito mais sóbria e que ia mais de encontro com o que tinha sido mostrado até então.

Além disso acho que essa parte foi longa demais. Ficando até chato em alguns momentos, algo que não tinha acontecido em nenhum momento do filme anteriormente. Parecendo que foi esticado para deixar ainda mais claro como essa solução era a correta e que mais poderia ajudar a todos.

Eu sei que pode ser somente birra minha, mas eu realmente não gostei do tom positivo que o filme tomou. Me parecendo que ficaria muito melhor caso todos os problemas não tivessem sido resolvidos pela gentileza e que as relações continuassem complicadas e não com um horizonte tão feliz quanto pareceu que terminou.

Ainda é um ótimo filme e acho que todos que gostam de cinema vão gostar muito assistir. Tem atuações incríveis de todos os personagens principais e com toda certeza deve conseguir alguns Oscars. Mas tenho minhas ressalvas quanto a qualidade absurda que tanta gente colocou. Talvez por chatisse minha, é verdade, que esperava algo um pouco mais sóbrio conforme a narrativa foi andando.

Filme: Tudo em todo lugar ao mesmo tempo
Diretores: Daniel Kwan, Daniel Scheinert
Distribuído pela: A24
Nota: 8,5/10