Não Se Preocupe, Querida [Crítica]
Nem mesmo Florence Pugh é capaz de salvar uma produção que se esforça para ser muita coisa e, no fim, acaba sendo nenhuma
Publicado em 24 de Setembro de 2022, às 08h00
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É normal assistir a um filme e ter a sensação de já ter visto isso antes. Algumas produções sabem como aproveitar clichês para entregar exatamente o que o público ama – o que acontece muito em comédias românticas, por exemplo. No entanto, nem sempre tem o mesmo efeito em filmes de suspense, e o abuso de “referências” só atrapalha a história, a fazendo se afastar de algo original e surpreendente. É o que acontece em Não Se Preocupe, Querida (2022).
Dirigido por Olivia Wilde e protagonizado por Florence Pugh e – o aspirante a ator – Harry Styles, o filme se vendeu nos últimos meses como um suspense psicológico com crítica social. Mas, no fim das contas, é só mais uma produção genérica e sem grandes plot twits.
Não Se Preocupe, Querida tenta ser muita coisa e acaba sendo nada. O público tem a sensação de que Wilde provavelmente se apaixonou pela performance de Pugh em Midsommar (2019) e quis trazer um pouco disso para sua própria história. De longe, a escolha mais certeira do filme.
Pugh carrega a produção inteira nas costas, mas a atuação impecável da atriz não é suficiente para disfarçar os erros do longa. Principalmente quando colocada lado a lado com Styles. Cantor, quem já havia se arriscado nos cinemas no indicado ao Oscar Dunkirk (2017), está longe de se comparar com Pugh e se torna um mero coadjuvante na obra.
Em cenas de romance e comédia, Jack (Styles) traz leveza para a tensão criada pelos comportamentos estranhos de Alice (Pugh). No início, tudo parece perfeito: um lindo casal apaixonado, vivendo em uma casa elegante em um bairro planejado, graças ao trabalho sigiloso do marido no Projeto Vitória.
É muito fácil se encantar pela química que transborda dos beijos quentes entre Jack e Alice e, durante boa parte do filme, isso parece ser a única coisa interessante. A partir da metade da trama, o longa começa a tropeçar nas inúmeras tentativas de enfeitiçar o público e se transforma em uma história medíocre, o que explica as notas dos críticos.
Wilde parece que colocar dentro de um liquidificador obras como Corra! (2017), O Show de Truman (1998) e até produções da Marvel, como WandaVision (2021), para criar Não Se Preocupe, Querida. No entanto, se não forem bem usadas, essas inspirações podem mostrar mais atrapalhar do que servirem como homenagem a uma obra.
O que fica cada vez mais evidente conforme o final do filme se aproxima e permanece a sensação de que há muito para se explicar em poucos minutos. Apesar de um final claro, diversas pontas ficam soltas – o que pode ser um problema em produções que não terão uma continuação. Finais abertos são instigantes, mas finais que não oferecem repostas suficientes, para se quer fazer o público pensar, parecem incompletos.
Não Se Preocupa, Querida pode até ter bons números de bilheteria. No entanto, é difícil dizer se eles são resultado do interesse do público em assistir a uma produção realmente boa, ou se são por conta dos grandes nomes, como Pugh e Styles, como protagonistas e pelas intrigas que aconteceram nos bastidores.
De qualquer forma, fica aqui o aviso: quem tiver grandes expectativas sobre a obra, pode se decepcionar.