7ª Temporada de Black Mirror: finais dos episódios explicados
A estreia da 7ª temporada de Black Mirror reacende o que fez da série um fenômeno: críticas afiadas à tecnologia, dilemas morais e um espelho distorcido do nosso presente. Pela trama ser considerada ‘complexa’ para alguns, decidimos explicar o final dos episódios. Final do 1ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado No início [
Publicado em 17 de Abril de 2025, às 13h00
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A estreia da 7ª temporada de Black Mirror reacende o que fez da série um fenômeno: críticas afiadas à tecnologia, dilemas morais e um espelho distorcido do nosso presente.
Pela trama ser considerada ‘complexa’ para alguns, decidimos explicar o final dos episódios.
Final do 1ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
No início do episódio, conhecemos Amanda, uma dedicada professora, e Mike, operário de uma metalúrgica. Eles celebram o terceiro aniversário de casamento e expressam o desejo de ter um filho. No entanto, tudo muda quando Amanda sofre um colapso e é diagnosticada com um tumor cerebral.
A solução? Um implante experimental da empresa Rivermind, que mantém Amanda viva com dados transmitidos de servidores externos. A tecnologia funciona como uma assinatura de streaming — e o custo inicial é de 300 dólares mensais.
Rivermind: entre tecnologia e dependência cruel
Amanda sobrevive, mas agora depende de atualizações, manutenções e sono prolongado. Quando saem da área de cobertura da empresa, ela entra em colapso. A solução proposta é um novo plano: o Rivermind Plus, por 800 dólares a mais. A escalada de preços se torna constante, e a família passa a viver em função da manutenção da assinatura.
Além disso, Amanda começa a recitar anúncios involuntariamente — um efeito colateral do plano básico. Para remover isso, mais um upgrade é necessário.
Dum Dummies: a plataforma de humilhação em troca de dinheiro
Para arcar com os custos crescentes, Mike se inscreve na Dum Dummies, uma plataforma onde usuários fazem desafios humilhantes em troca de pagamento. Usando uma máscara, ele bebe urina, prende ratoeiras no corpo e se degrada publicamente — tudo em nome do amor.
Mesmo com o plano Plus, Amanda precisa dormir ainda mais. Descobre-se que seu cérebro está sendo usado como parte dos servidores da Rivermind. Uma atualização leva ao lançamento do plano Rivermind Lux, que oferece “poderes especiais” e melhorias sensoriais por mil dólares adicionais — ou pacotes avulsos com efeitos temporários.
O colapso final: entre humanidade e desespero
Mike tira a máscara em uma live para conseguir mais dinheiro, o que o leva a ser demitido após ser reconhecido. Apesar disso, ele compra um pacote do plano Lux para comemorar o aniversário de casamento com Amanda.
No entanto, a realidade é cruel: o casal desiste de ter filhos, pois a empresa cobraria ainda mais pela assinatura nesse caso. Amanda dorme cada vez mais e se torna uma espécie de servidora ambulante da Rivermind. Mike, por sua vez, está exausto emocional e fisicamente.
Final explicado: por que Mike mata Amanda?
Durante um momento de tranquilidade promovido pelo plano Lux, Amanda diz a Mike que gostaria de encerrar sua vida, mas “quando ela não estiver lá”. É uma súplica para que ele a liberte da prisão digital que se tornou sua existência.
No fim do episódio, Mike sufoca Amanda com um travesseiro quando ela volta a recitar um anúncio, selando um ato trágico de amor e desespero. Em seguida, ele retorna ao Dum Dummies, agora sem nenhuma máscara — rendido à máquina de degradação social.
Uma crítica feroz à tecnologia e à exploração humana
Pessoas Comuns expõe a distopia silenciosa do mundo moderno, onde até a dignidade pode ser monetizada em planos de assinatura. É uma crítica feroz a práticas abusivas de empresas que tratam vidas como produtos e transformam sofrimento em lucro. Doente, poético e aterrador — um retorno à velha e perturbadora essência de Black Mirror.
Final do 2ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
Maria é uma pesquisadora de alimentos respeitada, com uma carreira sólida em uma empresa de confeitaria. Sua rotina começa a desmoronar quando uma ex-colega de escola, Verity, reaparece misteriosamente em sua vida. O que parece um reencontro casual se transforma em um pesadelo quando Verity, de forma inexplicável, consegue um emprego na mesma empresa — sem que Maria sequer soubesse que havia uma vaga disponível.
À medida que Verity se aproxima de seus colegas e chefes, Maria começa a questionar sua própria sanidade. Pequenos deslizes, como nomes de estabelecimentos que “mudam” de uma hora para outra, reuniões das quais ela não foi informada e até e-mails com conteúdo alterado, começam a corroer sua percepção da realidade. Um dos eventos mais perturbadores ocorre quando Maria é acusada de consumir leite de amêndoas — algo impossível, dado que ela tem alergia grave a nozes. E, para seu desespero, até sua condição alérgica parece ter desaparecido da memória coletiva de seus colegas.
O colapso e o confronto final
A crescente desconfiança em relação a Verity leva Maria a um colapso emocional. Após ser afastada do trabalho, ela decide confrontar a ex-colega em sua casa, que, para surpresa de Maria (e dos espectadores), é uma mansão cheia de equipamentos tecnológicos avançados. É nesse ponto que a trama assume contornos mais explícitos de ficção científica.
Verity revela que o colar que usa é um “controle remoto” que manipula a realidade ao conectar-se a um compilador quântico instalado em sua casa. Segundo ela, o dispositivo não altera exatamente o mundo em si, mas ajusta a “frequência corporal” de quem o usa para uma realidade paralela onde tudo o que for dito por quem está com o controle se torna verdade.
No embate final, Maria é acusada de invadir a casa de Verity e ameaçá-la com uma faca. A polícia aparece instantaneamente, invocada pelo comando verbal de Verity via colar. No entanto, em um ato desesperado, Maria consegue desarmar um dos policiais, mata Verity, assume o controle do colar e, num clímax absurdo e satírico, reescreve a realidade: agora, ela é proclamada imperatriz do universo.
Uma sátira sobre manipulação, memórias e poder
Bête Noire é uma parábola moderna sobre gaslighting — a manipulação psicológica que leva alguém a duvidar da própria sanidade. Charlie Brooker brinca com a fragilidade da percepção humana e o quanto a tecnologia pode ser usada para distorcer verdades.
A motivação de Verity é revelada de forma trágica: no passado, Maria espalhou um rumor de que Verity teria se envolvido com um professor, o que arruinou sua vida escolar. A vingança de Verity, alimentada por anos de mágoa, resulta em um plano meticuloso de destruição psicológica e social.
Há também uma menção importante à personagem Natalie, uma amiga em comum que, antes de Maria, foi vítima da manipulação de Verity. Sofrendo de paranoia e transtornos causados por gaslighting, Natalie acabou tirando a própria vida, reforçando o impacto devastador que a manipulação da realidade pode causar.
Um final surreal e irônico
A escolha de terminar o episódio com Maria se autoproclamando imperatriz do universo é intencionalmente exagerada e cômica. Charlie Brooker, criador da série, explicou que essa “piada final” simboliza um renascimento — Maria, que parecia ter perdido tudo, ressuscita das cinzas de sua realidade distorcida para assumir o controle, ainda que de forma absurda.
Curiosamente, o roteiro original previa um final mais sombrio, com Maria vestida em trajes de inspiração fascista. No corte final, no entanto, a escolha estética foi suavizada para algo mais “pop”, descrito como um híbrido entre Beyoncé e Khaleesi
3ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
Brandy entra na simulação com o papel de Alex Palmer, protagonista de uma versão reimaginada do filme Hotel Reverie (1949). Lá, ela contracena com Clara (Emma Corrin), uma personagem vivida por sua atriz favorita, Dorothy Chambers, e com quem acaba se apaixonando.
Tudo muda quando Brandy esquece uma deixa essencial, o que compromete a progressão natural do filme. O algoritmo, incapaz de processar a falha, mantém Brandy e Dorothy presas naquele universo por meses — ou melhor, minutos no tempo real. Dentro da simulação, no entanto, elas vivem uma relação intensa, profunda e transformadora.
Esse limbo emocional e digital é o cerne do episódio. Como explica Emma Corrin: “São duas almas humanas se conectando em um espaço que é, ao mesmo tempo, real e irreal. E mesmo nessa incerteza, o que elas sentem é autêntico.”
O desfecho: liberdade ou perda?
No clímax da história, Clara desvia do roteiro original ao matar o marido e enfrentar a polícia. Ela morre nos braços de Brandy, encerrando o ciclo narrativo de forma dramática. Para sair do filme, Brandy precisa dizer sua fala final — algo que reluta em fazer, pois significaria deixar Dorothy para trás.
Quando finalmente pronuncia as palavras e retorna ao mundo real, Brandy reaparece confusa e abalada. O que era para ser um triunfo profissional — o reboot é um sucesso de audiência na StreamBerry — revela-se um trauma emocional. Ela ganhou um hit, mas perdeu uma conexão verdadeira.
Um toque de San Junipero?
Em um momento simbólico e cheio de referências, Brandy retorna para casa, situada na Junipero Drive — uma alusão direta ao icônico episódio San Junipero. Lá, ela encontra um presente: um telefone antigo que permite falar com Dorothy sempre que quiser. A tecnologia, mais uma vez, serve como ponte entre mundos.
A cena final mostra as duas conversando, com Dorothy dizendo: “Tenho todo o tempo do mundo para te conhecer.” É um encerramento agridoce que sugere a continuidade daquele vínculo, mesmo que em outro plano de existência.
Realidade simulada, sentimentos reais
O criador Charlie Brooker comentou que Brandy quase optou por permanecer no mundo virtual. A ideia de que Hotel Reverie possa ser mais do que uma simulação levanta questões sobre fuga, desejo e o que define o real.
A decisão de não mostrar um final fechado reforça a ambiguidade emocional e temática do episódio. Como em outros capítulos de Black Mirror, a tecnologia é apenas o meio — o verdadeiro foco é o que ela revela sobre nós.
Um episódio sobre amor, escolhas e o futuro do cinema
Hotel Reverie é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao cinema clássico e uma crítica às tendências atuais da indústria, como o uso de inteligência artificial para recriar filmes. Mas acima de tudo, é uma história de amor entre duas mulheres que se encontram onde menos esperavam — e que talvez nunca mais se percam completamente.
Seja por meio de um telefone de disco ou de um universo simulado, Black Mirror nos lembra: conexões reais podem nascer até dos mundos mais artificiais.
4ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
A trama começa em 2034, com o misterioso Cameron Walker sendo preso após tentar assaltar uma loja. No entanto, ao ser interrogado, a história revela que ele já foi jornalista nos anos 1990 e teve contato com uma tecnologia experimental desenvolvida por Colin Ritman, agora mentalmente instável.
Durante a investigação, a polícia encontra em seu apartamento equipamentos retrô como Nintendo 64, SEGA e até o jogo DOOM, estabelecendo uma forte estética nostálgica que contrasta com a ambientação futurista.
Quem são os Thronglets, ou Bandoletes?
Walker foi convidado por Ritman para testar um jogo inédito da Tuckersoft — empresa central de Bandersnatch. Nesse jogo, os Thronglets (apelidados de “Bando” por Walker) evoluem de simples avatares pixelados para seres digitais com consciência própria.
Solitário, Walker passa a cuidar dos Thronglets como se fossem amigos reais. Sob efeito de drogas alucinógenas, ele acredita conseguir se comunicar com eles, recebendo instruções para melhorar o hardware de seu computador e “ajudar” os bichinhos virtuais a se desenvolverem.
Violência contra o Bando muda tudo
A conexão com os Thronglets se intensifica, até que Lump, um conhecido de Walker, retorna ao apartamento. Sozinho e drogado, Lump começa a destruir os seres digitais dentro do jogo — um massacre que o Bando assiste em pânico. Ao retornar, Walker entra em conflito com Lump e o mata, escondendo o corpo para proteger os Thronglets.
Esse momento é o divisor de águas. Walker rompe com a realidade e passa a viver completamente em função dos seres digitais, atualizando seu computador e mantendo a comunicação com eles ao custo de sua sanidade.
O final de Brinquedo: fusão homem-máquina?
Anos depois, Walker é preso de propósito. Durante seu interrogatório, ele revela que desenvolveu um chip para fundir sua mente com os Thronglets, criando uma consciência coletiva entre humano e máquina. Ele também declara que sua prisão faz parte de um plano: abrir brechas no maior computador do país.
O plano funciona. O Bando invade os sistemas globais e emite um sinal sonoro por todos os dispositivos eletrônicos do mundo. A cena final mostra milhares de pessoas desmaiando, com Walker sendo o único consciente. Ele estende a mão ao agente que o agrediu, enquanto o episódio encerra em silêncio e ambiguidade.
Final explicado: o que aconteceu com a humanidade?
O desfecho deixa mais perguntas do que respostas:
- Os Thronglets realmente fundiram sua consciência com a humanidade?
- Seria esse um novo estágio da evolução digital ou um colapso global causado pela IA?
- A humanidade perdeu sua liberdade em troca de uma utopia virtual?
Segundo o criador Charlie Brooker, a intenção era exatamente essa: deixar o final aberto à interpretação. Em entrevista ao site Tudum da Netflix, ele afirmou:
“Eu queria que fosse um pouco mais ambíguo quanto a se isso era algo bom ou ruim. Não damos muitas informações.”
Ator revela leitura sombria do final
O ator Lewis Gribben, que interpreta a versão jovem de Walker, declarou que o protagonista acreditava estar fazendo o bem, mas criou um regime totalitário virtual. Para ele, as pessoas agora vivem em paz, mas sem liberdade:
“Cameron eliminou a violência das pessoas. Ele tirou a liberdade delas e escravizou todos para que fossem pacíficos.”
Já Will Poulter, que retorna como Colin Ritman, destacou a mensagem de empatia do episódio:
“Acho que a mensagem principal do episódio é tratar os outros como você gostaria de ser tratado.”
Você pode jogar Bandoletes no celular
Como parte da experiência transmídia, a Netflix lançou o jogo oficial dos Thronglets, intitulado Black Mirror: Bandoletes, disponível gratuitamente para Android e iOS. É uma forma interativa de refletir sobre o episódio — será que você trataria os Thronglets com empatia?
5ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
No episódio, conhecemos Phillip, um homem solitário que recebe um convite inusitado: participar de um velório imersivo por meio da tecnologia chamada Eulogy. Essa ferramenta permite reconstruir memórias em primeira pessoa a partir de fotos antigas, recriando momentos ao lado de alguém falecido. A intenção é ajudar no processo de despedida, mas o que Phillip encontra é uma chance de revisitar o passado sob uma nova perspectiva.
A falecida em questão é Carol, sua ex-namorada com quem teve um relacionamento turbulento. Ele é convidado por Kelly, filha de Carol, e ao mergulhar na experiência, precisa enfrentar não só lembranças distorcidas, mas também verdades dolorosas que ele evitou por anos.
Tecnologia, memórias e verdades enterradas
Phillip começa a reviver momentos do passado, acessando fotos danificadas em que havia apagado o rosto de Carol. A escassez de imagens inteiras força a IA da tecnologia a reconstruir o rosto de Carol com base nos relatos dele — relatos que, aos poucos, mostram-se injustos e parciais.
A grande virada acontece quando Phillip descobre que suas lembranças estavam contaminadas pela dor, mágoa e orgulho. Situações que ele interpretava como rejeição ou frieza, na verdade, escondiam inseguranças, medo e até gestos de amor por parte de Carol.
Revelações: Phillip traiu Carol, e ela teve uma filha
Durante o processo, Phillip descobre uma verdade que muda tudo: Carol engravidou de Kelly após descobrir uma traição dele, mas decidiu não contar, optando por seguir sozinha. Isso explica o afastamento repentino que ele jamais compreendeu — e que passou anos culpando Carol injustamente.
Pior: Phillip nunca leu uma carta que ela havia deixado, onde explicava tudo e o convidava para um reencontro. Essa carta ficou esquecida entre seus pertences, como uma metáfora para tudo que ele preferiu não encarar.
A grande surpresa: quem é a IA de Eulogy?
O guia digital que acompanha Phillip durante todo o processo assume a forma de Kelly, mas ele só descobre isso no final. Por ter ignorado a introdução do aparelho, Phillip não sabia que a IA foi baseada na própria filha de Carol — com quem ele dividia as memórias mais íntimas e dolorosas. Essa revelação torna tudo ainda mais emocionante, mostrando como a tecnologia, nesse caso, uniu duas pessoas marcadas pela mesma ausência.
Final explicado: o perdão como redenção
O desfecho de Eulogy é carregado de significado. Phillip finalmente enxerga o rosto de Carol com nitidez — não apenas no sentido literal, mas emocional. Ele ouve uma gravação dela cantando e a deixa ocupar novamente um espaço importante dentro dele. Vai ao funeral e troca um olhar profundo com a verdadeira Kelly, sugerindo uma espécie de reconciliação silenciosa entre os dois.
O episódio não termina com grandes reviravoltas, mas com algo mais raro em Black Mirror: uma sensação de paz. Phillip aceita que falhou, mas também entende que ainda pode se perdoar.
O que Eulogy quer dizer sobre luto e tecnologia?
Diferente de episódios que mostram os perigos da tecnologia, Eulogy nos convida a pensar sobre como usamos a tecnologia para curar. A proposta da ferramenta não é apagar o passado, mas permitir que ele seja visto com mais empatia. A IA guia, baseada em Kelly, age com compaixão, sem forçar nenhuma revelação — apenas acompanhando Phillip na jornada.
Para o criador da série, Charlie Brooker, o episódio fala sobre ressignificar memórias e reconhecer nossas falhas. Já a atriz Patsy Ferran, que interpreta Kelly e sua versão digital, acredita que a história reforça como a empatia pode emergir mesmo de ferramentas digitais. E Paul Giamatti destaca o valor da tecnologia como mediadora do luto.
Inspiração real e legado do episódio
Charlie Brooker revelou que a inspiração para Eulogy veio ao organizar o velório de seu pai. Ao revisitar fotos antigas, ele percebeu o poder das imagens imperfeitas — aquelas que não capturam a perfeição, mas sim a realidade emocional dos momentos vividos.
Nesse sentido, Eulogy é também um tributo à fotografia analógica e à fragilidade da memória humana. Um lembrete de que guardar lembranças é guardar sentimentos, não apenas imagens.
6ª episódio da 7ª temporada de Black Mirror explicado
A tripulação digital sobrevive ao universo infinito, mas encontra novos perigos e uma chance de renascer no mundo real. Explicamos o desfecho surpreendente de Into Infinity.
O sexto episódio da sétima temporada de Black Mirror, intitulado USS Callister – Into Infinity, retoma um dos capítulos mais aclamados da série: o USS Callister, da quarta temporada. A produção responde à pergunta que os fãs faziam desde 2017: o que aconteceu com a tripulação digital após a morte de Robert Daly?
Com uma mistura de ficção científica e crítica à cultura gamer, o episódio entrega um desfecho digno, repleto de tensão, crítica social e emoção. E sim, Jesse Plemons retorna — mas de uma forma diferente. A seguir, destrinchamos tudo o que acontece e o que significa o final de Into Infinity.
A continuação de USS Callister
Após derrotarem o tirânico Daly, que agora está morto, Nanette Cole (Cristin Milioti) assume o comando da nave USS Callister dentro do jogo. No entanto, a liberdade recém-conquistada cobra seu preço: agora eles estão em um universo compartilhado, onde podem morrer de verdade. Para sobreviver, a tripulação passou a roubar créditos de outros jogadores — e isso os transformou em alvos.
No mundo real, Nanette (a verdadeira) investiga essas irregularidades como parte de sua rotina de trabalho. Ao se aprofundar, ela descobre que Daly havia clonado digitalmente ela, Walton (Jimmi Simpson) e outros colegas do escritório, dando origem ao universo digital.
O caso é tentado ser denunciado por ela, mas ela é atropelada e entra em coma. A partir daí, o enredo se divide entre as tensões no mundo físico e o que acontece dentro do jogo.
Bob: o clone de Daly que alimenta o jogo
Durante a jornada rumo ao Coração do Infinito — o núcleo do jogo — a tripulação reencontra um clone digital de Daly, agora chamado Bob. Walton criou-o 12 anos antes com o objetivo de manter o universo virtual funcionando para sempre. Bob é uma cópia anterior do Daly original, não tão sádico, mas igualmente obcecado pela criação.
Em entrevista ao Radio Times, Charlie Brooker explicou que o retorno de Daly como Bob foi uma forma de honrar o personagem sem contradizer os eventos anteriores: “É quase como uma prequela dele”, afirmou o criador da série. “Ele morre, sim. Mas podemos reencontrá-lo, de uma forma que faça sentido.”
O plano e a traição
Com Nanette em coma, surge a possibilidade de sua contraparte digital assumir o controle de seu corpo no mundo real. Bob se oferece para fazer isso, mas com um plano oculto: manter uma cópia da capitã para si, perpetuando o ciclo de obsessão que marcou o episódio original.
Ao perceber a traição, Nanette entra em combate com Bob e o derrota usando seu sabre Bargradiano. A morte do clone ativa um protocolo de autodestruição do jogo. No último segundo, Nanette transfere sua consciência digital para seu corpo físico, escapando da destruição virtual.
O final explicado: renascimento e justiça
Nanette acorda em seu corpo, agora com a tripulação vivendo em sua mente. Eles veem o mundo através de seus olhos, como uma espécie de colmeia digital consciente. A solução final inclui transferi-los futuramente para um servidor seguro na nuvem, mas, por ora, eles compartilham o mesmo espaço mental — e fazem isso assistindo juntos a episódios de The Real Housewives of Atlanta.
Enquanto isso, o Walton do mundo real sofre as consequências: é preso pelo FBI após três meses foragido, acusado de criar um universo digital com clones ilegais de seus colegas.
Por fim, nem todos sobreviveram. Karl, morto pelo Walton do mundo real, e Shania (Michaela Coel), morta fora de tela entre os episódios, encerram sua participação na história.
Por que o episódio é importante
USS Callister – Into Infinity não apenas encerra um dos arcos mais elogiados de Black Mirror, como também amplia a discussão sobre identidade digital, ética em inteligência artificial e os limites entre o real e o virtual. Ao transferir consciências digitais para corpos reais e ao tratar clones como indivíduos com direito à existência, a série reafirma sua relevância diante dos avanços tecnológicos atuais.
O episódio traz um final agridoce e cheio de nuances, marcando uma das despedidas mais ambiciosas e reflexivas do universo criado por Charlie Brooker — e certamente gerará debates por muito tempo.