A história real e perturbadora por trás de Happy Face, nova série com Dennis Quaid

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Happy Face, série da paramount+ resgata a história sombria de Melissa Moore, filha do serial killer Keith Jesperson.

Gabriel Barbosa

Publicado em 25 de Março de 2025, às 20h29

A historia real por tras da serie Happy FaceA história real por trás da serie Happy Face. Foto: Divulgação

As produções de crimes reais conquistaram um espaço definitivo na televisão moderna, atraindo o público com narrativas baseadas em eventos verídicos.

Séries como The Girl from Plainville, The Act e The Staircase adaptaram crimes impactantes para o formato dramatizado, explorando os bastidores de histórias chocantes.

Agora, a Paramount+ entra nesse universo com Happy Face, série que aborda a vida de Melissa Moore, filha do infame serial killer Keith Hunter Jesperson, conhecido como o “Happy Face Killer“.

Uma trama fictícia baseada em eventos reais

Criada por Jennifer Cacicio, Michelle King e Robert King, a equipe por trás de Evil e The Good Fight, Happy Face se inspira na vida real, mas apresenta uma abordagem ficcional.

A trama acompanha Melissa Moore (Annaleigh Ashford), uma maquiadora de talk show cuja rotina muda drasticamente quando seu pai, Keith Jesperson (Dennis Quaid), entra em contato oferecendo informações sobre uma suposta nona vítima.

A série dramatiza o enredo, mas captura de forma autêntica o trauma que Moore viveu e a complexa relação manipuladora entre ela e seu pai.

Jesperson cometeu crimes cruéis que deixaram sua marca na história criminal dos Estados Unidos, e a série os retrata com base nesses atos.

Quem foi Keith Hunter Jesperson, o “Happy Face Killer”?

Serial Killer Keith Hunter Jesperson. Foto: Divulgação

Keith Hunter Jesperson era um caminhoneiro que, em 1995, confessou ter assassinado pelo menos oito mulheres em seis estados americanos durante os anos 1990.

Seus crimes ocorreram na Califórnia, Washington, Oregon, Flórida, Nebraska e Wyoming. Além da brutalidade dos assassinatos, Jesperson ficou conhecido por sua forma macabra de provocar as autoridades: ele enviava cartas de confissão para a polícia e a imprensa, sempre assinando com um símbolo de “Happy Face”. Assim, ganhou o apelido de “Happy Face Killer”.

A sequência de crimes terminou quando ele confessou à polícia o assassinato de sua namorada, Julie Winningham, levando à sua prisão. Desde então, ele cumpre sete sentenças de prisão perpétua na Penitenciária Estadual do Oregon.

O impacto dos crimes na vida de Melissa Moore

Os assassinatos de Jesperson chocaram o público, mas o impacto mais devastador foi sentido dentro de sua própria família. Melissa Moore tinha apenas 15 anos quando descobriu que seu pai era um serial killer.

Durante a infância, ele parecia um pai carinhoso, trazendo presentes de suas viagens como caminhoneiro. No entanto, após sua prisão, Melissa teve que encarar a terrível verdade.

A série apresenta essa dolorosa jornada por meio de flashbacks, retratando a jovem Melissa (Kate Maree) em momentos afetuosos com seu pai, seguidos pelo choque da descoberta e o difícil processo de lidar com essa realidade.

Durante anos, ela manteve sua identidade em segredo, tentando se distanciar da sombra de Jesperson.

A luta de Melissa Moore por superação

Melissa Moore, filha do serial killer Happy Face. Foto: Divulgação

Determinada a não ser definida pelos crimes do pai, Melissa abraçou sua identidade e escreveu suas memórias no livro Shattered Silence: The Untold Story of a Serial Killer’s Daughter, publicado em 2008.

Na obra, ela detalha o trauma vivido e o impacto que a verdade teve sobre sua identidade. Mesmo após a prisão, Jesperson tentou manipulá-la emocionalmente, algo que ela precisou superar ao longo dos anos.

Melissa se tornou uma voz ativa para outras pessoas que passaram por traumas similares. Além de palestrar sobre suas experiências, ela lançou o podcast Happy Face em 2018, no qual compartilha histórias de sobreviventes e explora os efeitos duradouros do trauma.

Happy Face e o peso do passado

A série do Paramount+ se destaca por abordar não apenas a história de Jesperson, mas, principalmente, o impacto que seus crimes tiveram sobre sua filha. Contada da perspectiva de Melissa, a trama explora sua luta por identidade e cura.

Aliás, quando Jesperson a procura para confessar uma nova vítima, ela descobre que um homem inocente está preso pelo crime e decide expor publicamente a verdade sobre seu pai.

Apesar das liberdades criativas na narrativa, Happy Face mantém o foco na complexidade emocional dessa história real.

Melissa é retratada como alguém que, apesar do medo de ter herdado algo da crueldade do pai, busca sua própria verdade e prova que suas ações são o que realmente a definem.

Em um ensaio de 2014 para a BBC News, Melissa refletiu sobre os crimes do pai e afirmou: “Meu pai nunca receberá a pena de morte por seus crimes, mas deveria. Não digo isso por mim, mas por suas vítimas”. Essa visão se tornou o motor de sua missão: garantir que as vítimas sejam lembradas e que suas histórias não sejam eclipsadas pela notoriedade do assassino.

Uma abordagem mais humana ao true crime

Com Moore atuando como produtora executiva, Happy Face evita a glamourização comum a algumas séries de serial killers. Em vez disso, o foco está nas vítimas e nas consequências devastadoras dos crimes. A série se diferencia ao abordar com mais cuidado o trauma e a resiliência de quem enfrentou essas tragédias diretamente.

Os dois primeiros episódios de Happy Face já estão disponíveis no Paramount+, com novos episódios lançados às quintas-feiras.