Crítica: 3º episódio de ‘The Last of Us’ é uma Luz num mundo Sombrio

Compartilhar:

O terceiro episódio da adaptação de The Last of Us trouxe um novo olhar para a trama ao elucidar como seria amar no mundo apocalíptico

Gabriel Barbosa

Publicado em 3 de Fevereiro de 2023, às 12h46

Crítica 3º episódio de ‘The Last of Us’ é uma Luz num mundo sombrioBill e Frank são destaques no terceiro episódio de The Last of Us e exploram como é ‘amar’ no fim do mundo. Foto: Reprodução/HBO MAX

Se você leu ou for ler minhas outras críticas sobre a série, se lembrará que as palavras “fidelidade com a trama” são usadas com muita frequência. Até porque não me recordo de ter visto uma adaptação tão fiel à obra original.

Dessa vez, não trarei tantos spoiler comparado com os textos anteriores, assim como também não haverá um destaque sobre a fidelização da trama com a obra original, mas sim a reflexão de como os diretores trouxeram com este novo episódio de que é possível amar até no fim do mundo, quando toda esperança na humanidade e de sobrevivência são poucas… como se uma luz aparecesse em meio a escuridão.

Esse episódio, diria eu, também pode servir como uma escola de amor, até mesmo para quem diz já saber amar.

Como será amar no fim do mundo? Tal pergunta nunca me veio à mente, mas após a pandemia da COVID-19 a questão me assombrou e isso vale para todas as relações da vida; familiar, relacionamento, amizades etc.

Num cenário apocalíptico, caótico e que precisamos fazer de tudo para sobreviver, o iminente de acontecer são os seres humanos voltarem contra si.

Mas, para quebrar esse pensamento e lógica, os diretores mostraram que até mesmo num deserto, cheio de sangue, ódio e mortes, lindas flores podem nascer.

Bill (Nick Offerman), um sobrevivencialista, passou a viver sozinho, sem ninguém por perto e não imaginou que em algum momento uma pessoa, Frank (Murray Bartlett), apareceria e iria derrubar uma estrutura que ele nem pensou em construir para se proteger… uma que só encontramos no coração.

No começo, Bill realmente faz tudo só. Constrói uma fortaleza para que não precise evitar problemas, saques ou ataques zumbis e certamente cogitava em passar os últimos dias de sua vida assim, até que Frank chegou, e, como ele mesmo disse, “encontrou um propósito… alguém para proteger”, até porque ele não tinha esperanças nas pessoas, mas Frank reacendeu tudo que a pandemia do cordyceps apagou nele.

Certamente, por trazer uma narrativa diferente e distinta do jogo, muitos fãs – e não fãs – podem não aplaudir esse episódio como aconteceu com os outros, principalmente pelo fato de remeterem ao amor que é considerado por muitos como proibido, o de dois homens. Mas essa até então é uma realidade que nos persegue há anos, e se diante do fim do mundo a sua preocupação for amor entre dois homens, sinto muito, mas é possível que você não viva muito.

Este episódio nos mostra que, dentro de um cenário apocalíptico, lutar pela sobrevivência não precisa ser tão penoso se tivermos uma pessoa ao nosso lado, pois o mundo já havia acabado para Bill, mas, como uma Fênix, ele renasceu com a chegada de Frank.

Realmente, enquanto assistimos, somos imbuídos com doses de amor, afeto, carinho e cuidado. Os diretores conseguiram escancarar o cuidado e atenção, e o receio da solidão, o medo de conviver com ela novamente e aos poucos, ela indo embora, perdendo seu espaço que é preenchido pelo amor.

E isso ainda fica mais claro, quando percebemos que o medo não é de acabar os suprimentos, de alguém invadir a casa ou de uma leva de infectados aparecerem, mas sim de perder alguém que se ama. O episódio escancara que em qualquer situação, amar sempre agregará nossas vidas.

Tudo isso nos faz prender os olhos na tela, sem tirá-lo por um segundo sequer, para não perder qualquer detalhe que enriqueça a história, e tudo isso acontece enquanto a nossa voz embarga e os olhos marejam de lágrimas.

É preciso ainda destacar a excelente e impecável atuação de ambos, Nick Offerman e Murray Bartlett, que nos fizeram imergir nas histórias dos personagens, como se não fossem só pessoas dentro das telas, mas sim dois conhecidos.

Um outro ponto da narrativa deste episódio é que talvez ele pode servir como um ensinamento para muitos casais, de que um ‘eu te amo’ não precisa ser necessariamente dito, mas pode ser expressado de outras formas, com gestos por exemplo, mas é preciso que o outro enxergue isso.

Romeu e Julieta, de William Shakespeare, certamente se sentiram lisonjeados se pudessem assistir a trama, pois sutilmente, é possível sentir uma referência na história deles nesse episódio.

O 4º episódio de The Last of Us estreia neste domingo às 23:00 na HBO e HBO Max.