Crítica | Dexter: New Blood (2022)
A série consegue unir o que foi legal, como a caçada à serial killers e as tentativas de fugir da lei, com consequências e mais realidade.
Publicado em 2 de Março de 2023, às 14h28
Após 10 anos desde que Dexter Morgan (Michael C. Hall) forjou a própria morte, ele se muda para uma cidade fictícia conhecida como Iron Lake, em Nova Iorque. Agora ele vive como Jim Lindsay, apenas um dono de comércio local. Ele tem sido capaz de reprimir seus instintos assassinos graças à relação que desenvolveu com Angela Bishop (Julia Jones), a xerife da cidade. Quando uma série de incidentes atormentam a região, Dexter teme que sua verdadeira identidade seja revelada.
Dexter é uma série que muita gente, como eu, acha que acabou muito mal. As últimas 2 temporadas foram de um nível muito mais baixo que todas as outras e o final, onde ele se joga no meio do furacão para morrer e mesmo assim fica vivo, acabou ficando gratuito demais. Deixando aquele gosto ruim na boca de um final que não foi satisfatório. O que, pelo menos na minha opinião, consegue ser melhorado muito nessa série de 10 episódios.
Começando pelas relações dos personagens. Se antes o Dexter era inteligente até demais, e conseguia se safar de tudo a todo momento, aqui temos uma pessoa mais humana e com traumas que realmente afetam como ele lida com tudo que está a sua volta. Além de ter a boa desculpa de que ele não mata a tanto tempo que acabou ficando muito pior na tarefa.
A relação dele com o Harrisson para mim é um dos pontos altos. Consegue mostrar como é difícil se reconectar com alguém, principalmente se você mente durante a maior parte do tempo. Algo que o adolescente reconhece e que, por isso, se torna uma arma de um de seus opositores no final da série, já que esse cara consegue se conectar com Harrisson de uma maneira que Dexter não consegue.
Os atores são todos ótimos, desde a Julia Jones que interpreta a Angela Bishop, do Alano Miller que faz o Logan, até os antigos como o fantasma da Debra, Jennifer Carpenter e o próprio Michael C. Hall.
Fiquei muito feliz que conseguiram trazer a Debra e o seu jeito de falar cheio de palavrões e expressões diferentes como uma voz na consciência. Ela conseguiu trazer mais profundidade para a dualidade que Dexter tinha quando estava pensando no que fazer. Principalmente quando isso tinha a ver com Harrisson.
Acho que a série peca na celeridade que resolve muitos dos problemas nos últimos 2 episódios, mas sinceramente não consegui sentir que fosse algo tão ruim quanto li em alguns lugares da internet. Na realidade acho que faz até sentido pela urgência que foi se instalando conforme Angela ia descobrindo sobre Dexter, e a corrida entre ele e Kurt ia ficando cada vez mais próxima.
Acredito de verdade que essa série conseguiu corrigir o final fraco que a primeira série possui. Resolvendo alguns dos deus ex-machina que utilizaram na última série. Fazendo com que nos importassemos com a relação entre Dexter e todos os outros personagens. E finalmente dando um final, que pelo menos para mim, é mais digno e mais condizente com todos os horrores que ele cometeu durante todas essas temporadas.
Achei que ficaria querendo uma nova temporada conforme a série foi avançando e nos mostrando aquela caça dele a outros criminosos, e como ele sempre conseguia se safar. Mas acho de verdade que o final onde o próprio filho faz o que deveria ter sido feito e, mais do que isso, ele mesmo aceita o destino depois de se tocar em como destruiu a vida de muita gente à sua volta, é a melhor maneira de acabar com essa série e esse personagem tão complexo como é Dexter.
Sei que não é uma série perfeita. Sei que talvez a minha nostalgia tenha um papel importante na maneira como gostei da série. Mas acredito que precisávamos de um final melhor do que nos foi dado da outra vez. E acho de verdade que isso foi atingido com qualidade dessa vez.
Série: Dexter New Blood
Diretores: Marcos Siega
Distribuído pela: Paramount+
Nota: 8/10