Crítica | O Urso (2022)

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Uma série frenética e que consegue fazer críticas, desenvolver personagens e falar sobre traumas em episódios de pouco mais de 20 minutos.

Autor Léo Fuita
Léo Fuita

Publicado em 22 de Março de 2023, às 14h35

Crítica | O Urso (2022)Foto: Divulgação

A série The Bear (ou em português, O Urso), aposta do canal FX para o streaming estadunidense Hulu, chegou timidamente ao Brasil em outubro pela Star+, tornando-se uma das produções mais comentadas de 2022. Escrita e dirigida por Christopher Storer (Oitava Série), a série acompanha a história de Carmen Berzatto (Jeremy Allen White), um renomado chef de cozinha que trabalha no melhor restaurante de Nova York até que ele recebe a notícia de que seu irmão se suicidou, deixando como herança a antiga lanchonete italiana da família em Chicago. Com muitas dificuldades, como questões financeiras e burocráticas, por exemplo, o protagonista tenta a todo custo transformar o negócio, com o objetivo de mantê-lo em pé e também a prosperar.

Fonte: Divulgação / Star+

Essa série figurou em muitos dos top 10 de séries de 2022 para quase todo criador de conteúdo que acompanha as séries do momento que eu sigo. Algo que, admito, foi o motivo pelo qual eu fui assistir. Já que, normalmente, esse não é o tipo de série que eu assistiria por vontade própria.

Mas desde o primeiro episódio já fica claro o porque essa série ser tão bem vista pelos críticos. Com uma narrativa frenética e uma maneira diferente de mostrar algo tão chato quanto uma cozinha, nos pegamos o tempo todo presos à tudo que vai acontecendo. Conseguindo entender o desespero de Carmy na hora de tentar fazer com que os funcionários daquele disfuncional restaurante trabalhem de uma maneira diferente e mais profissional do que faziam antes.

Essa narrativa frenética permeia todos os episódios. É algo que dá um dinamismo incrível para uma série que, com outras linguagem, poderia ser muito mais chata e desinteressante. O que claramente não acontece aqui e que, na realidade, consegue muitas vezes ser exatamente o contrário: nos deixar agoniados e totalmente sem folêgo quando assistimos.

O ambiente de tensão que a série consegue nos deixar o tempo todo serve como uma mostra, bem real de pessoas que vi que trabalham no ramo, de como alguns restaurantes funcionam. Deixando em evidência essa crítica sobre esse tipo de ambiente, que é bem ilustrado pelos problemas de saúde que quase todos os personagens possuem em decorrência desse tipo de trabalho.

Isso tudo sem falar na discussão sobre o luto em que, claramente, o nosso protagonista não consegue lidar e que se esconde no trabalho para deixar essa questão ainda mais escondida dentro de si mesmo. Algo que evolui com o desenrolar dos episódios e que claramente permeiam até mesmo a personalidade dele na série.

Só que tudo isso seria impossível sem bons personagens. Não só Jeremy Allen White, como Carmy, tem uma grande atuação sem a necessidade de estar falando o tempo todo. Ebon Moss-Bachrach (como Richie) é ótimo como o contra-ponto dele na hora de lidar com as pessoas do restaurante. Assim como Ayo Edebiri (como Sidney Adamu) consegue protagonizar muitos dos embates que são importantes dentro da série.

Dificilmente eu vejo uma série e acho que não existe nada para ser criticado de maneira negativa, mas acredito que aqui temos uma desse tipo. São 8 episódios que te prendem do começo ao fim e que tem sempre uma história para se contar. Tanto na parte mais superficial quanto no sub-texto que existe à todo momento. Uma série que, sinceramente, não tem defeitos nessa primeira temporada e que com toda certeza pode ser gigante.

Série: The Bear
Diretores: Christopher Storer
Distribuído pela: Star+
Nota: 10/10