PerifaCon propõe debate sobre a periferia no mercado de tecnologia

Compartilhar:

Debate trouxe profissionais da áreas que falaram sobre suas experiências no mercado de tecnologia

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 31 de Julho de 2023, às 13h14

Heloiza Mendes, Nina da Hora e Vitor LeonardoHeloiza Mendes, Nina da Hora e Vitor Leonardo, falam sobre a periferia no mercado de trabalho na Perifacon. Foto: Divulgação

A terceira edição da PerifaCon, evento voltado para as periferias com o objetivo de proporcionar acesso à cultura nerd, devido a elitização de outros eventos, foi um sucesso após o período da pandemia.

Realizado no último domingo (30), o evento buscou fomentar conhecimento e cultura, trazendo diversos bate-papos para o público, especialmente sobre o mercado de tecnologia, as dificuldades enfrentadas pela periferia para ingressar nesse setor, os impactos dos projetos sociais e outras temáticas relevantes.

Uma dessas conversas aconteceu no Espaço Teia, reunindo três profissionais da área de tecnologia: Heloiza Mendes, Nina da Hora e Vitor Leonardo. Eles compartilharam suas experiências, destacando as dificuldades que enfrentaram ao buscar inserção no mercado, as barreiras sociais e as trajetórias inspiradoras que seguiram.

Nina da Hora, Heloiza Mendes e Vitor Leonardo na PerifaCon 2023. Foto: Gabriel Barbosa | Geekship

Vitor Leonardo iniciou o bate-papo mencionando a influência de seu pai para entrar na área tecnológica e como buscou aperfeiçoar suas habilidades. Ele relatou sua jornada desde o Telecentro, que concede acesse a internet a população e cursos, onde descobriu sua afinidade com front-end, até se tornar um profissional em back-end

Nina da Hora compartilhou sua experiência de choque cultural ao migrar para outra região e como muitos periféricos se sentem deslocados e inseguros ao enfrentar determinados desafios, em parte devido à pressão social. Ambos ressaltaram a importância de se sentirem acolhidos em espaços onde se identifiquem com pessoas iguais.

Outro tema abordado foi o impacto negativo do trabalho em grandes empresas de tecnologia, como Google e Apple, onde profissionais frequentemente sofrem com problemas de saúde, como Burnout. Nina revelou que recusou propostas dessas empresas para preservar seu bem-estar emocional.

Os palestrantes enfatizaram a relevância do networking e da participação em eventos e projetos alinhados às suas causas. Afirmaram que muitas oportunidades surgem nesses espaços, o que pode não ser evidente em eventos mais tradicionais e frequentados pelas mesmas pessoas.

Questionados sobre as dificuldades enfrentadas que a periferia encontra no mercado de tecnologia e a comparação com pessoas que não vivem nela, os palestrantes destacaram que, embora a área proporcione salários atrativos, é crucial não abrir mão da saúde mental, da convivência familiar e do lazer. Vitor enfatizou que é possível ter sucesso na área tecnológica sem se tornar um workaholic.

Leonardo disse que “tecnologia é uma área em que você pode alcançar salários exorbitantes, mas muitas vezes tem gente que abre mão da saúde mental para conseguir alcançar isso, o tempo com a família e de lazer, tudo isso são prioridades para mim.”

Heloisa Mendez reforçou a importância de impor limites e valorizar a saúde mental, rompendo com a ideia de que é necessário trabalhar ininterruptamente.

Vitor pontuou que, embora algumas empresas ofereçam oportunidades para pessoas negras, nem sempre sabem como acolhê-las completamente, o que é um processo em evolução.

A conversa elucidou as dificuldades enfrentadas pelos pretos da periferia, que precisam se esforçar em dobro para alcançar seus objetivos.

Apesar das barreiras e desafios, os palestrantes transmitiram uma mensagem de esperança e incentivo para que todos persistam em seus sonhos e objetivos profissionais.