Crítica | Lilo & Stitch (2025) – Um acerto afetuoso que ainda vive à sombra do original

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Crítica Lilo & Stitch | Live-action da Disney emociona, mas peca na originalidade. Veja os acertos e erros da nova adaptação.

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 26 de Maio de 2025, às 23h35

Lilo & Stitch. Foto: DivulgaçãoLilo & Stitch. Foto: Divulgação

O projeto de remakes live-action da Disney é, sem dúvida, uma das campanhas mais controversas da indústria contemporânea.

É difícil não encarar essas obras como manobras nostálgicas destinadas a transformar clássicos animados em produtos de fácil consumo e lucro.

Com Lilo & Stitch (2025), a Disney se debruça sobre uma de suas animações mais queridas dos anos 2000, e embora o resultado não seja desastroso como outros exemplos do gênero, tampouco consegue justificar plenamente sua existência.

Direção de Lilo & Stitch

Sob a direção sensível de Dean Fleischer Camp, conhecido por Marcel the Shell with Shoes On, o filme encontra um certo equilíbrio entre afeto, carisma e fidelidade.

O enredo permanece quase intocado em relação ao original de 2002, e essa escolha, ainda que compreensível, escancara o maior dilema do longa: sua falta de propósito criativo.

O roteiro de Chris Kekaniokalani Bright e Mike Van Waes não reinterpreta, não amplia, não se arrisca. Serve mais como espelho do passado do que como obra autônoma. O que se vê é um filme funcional, mas raramente ousado.

Lilo, um novo papel, um novo talento

Dito isso, há méritos inegáveis. A pequena Maia Kealoha é um verdadeiro achado como Lilo. Com uma entrega natural e vibrante, ela encarna a protagonista com energia, dor e carisma. Sua dinâmica com Sydney Agudong (Nani) é o coração do filme.

O roteiro oferece mais espaço para desenvolver a irmã mais velha como uma adolescente forçada à maturidade, o que adiciona nuances emocionais ausentes na animação original. Essa escolha humaniza o drama e atualiza a narrativa para uma nova geração, tocando em temas relevantes como luto, responsabilidade precoce e desigualdade social.

Crítica - Lilo & Stitch. O personagem  live action da Disney que revive o filme dos anos 2000. Foto: Divulgação
Stitch, no live action da Disney que revive o filme dos anos 2000. Foto: Divulgação

Stitch, recriado por CGI, funciona visualmente. Seu design é expressivo, simpático e integrado ao universo realista da trama sem perder o apelo cartunesco. Ainda assim, as sequências de ação são tímidas, e o caos criativo que definia o personagem animado é claramente amortecido em nome do “realismo”. Há momentos em que o filme flerta com a irreverência, mas logo recua, como se tivesse medo de sair da cartilha segura da Disney. E é justamente aí que o live-action tropeça: na falta de imaginação.

Os alienígenas em Lilo & Stitch

O núcleo alienígena, com Zach Galifianakis como Jumba e Billy Magnussen como Pleakley, não consegue manter o mesmo ritmo emocional do trio principal. Magnussen diverte, mas Galifianakis parece deslocado, entregando uma performance sem entusiasmo. O resultado são personagens que funcionam melhor como alívio cômico visual do que como forças narrativas integradas à trama.

Ainda assim, o filme tem alma. Não a alma vibrante e inventiva da animação original, mas uma doçura sincera que resiste aos clichês do formato. A relação entre Lilo e Stitch continua comovente, e o tema do “ohana” (família é quem está presente, não quem compartilha DNA) é reafirmado com delicadeza e honestidade.

No fim das contas, Lilo & Stitch (2025) é um dos melhores remakes live-action da Disney. Mas isso diz mais sobre os fracassos anteriores do que sobre as virtudes desse novo filme. Ele entrega calor humano, nostalgia bem aplicada e atuações cativantes, mas se contenta em andar por caminhos já trilhados. A sensação final é agridoce: saímos do cinema com o coração aquecido, mas com a mente inquieta, desejando que a Disney voltasse a ser aquele estúdio que ousava, inventava e encantava com o novo, não apenas reciclava o antigo.

Nota: 3 de 5
Um remake simpático e carismático, mas ainda acorrentado à sombra do original. Ótimo para apresentar Lilo & Stitch a uma nova geração, mas aquém do impacto que a animação teve, e ainda tem.