Crítica | Superman (2025): Um recomeço grandioso que conecta ficção e realidade

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Superman (2025) marca o início do novo DCU com coragem, crítica social e esperança, unindo ação, política e humanidade em um grande recomeço.

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 10 de Julho de 2025, às 22h33

SupermanSuperman é a porta mestra para novos caminhos do DCU. Foto: Divulgação

Superman marca não apenas o retorno do maior herói dos quadrinhos às telonas, mas também o início oficial do novo Universo DC sob o comando de James Gunn. A produção não reinventa a roda, mas entrega uma jornada vibrante, atual e emocionalmente poderosa. Com David Corenswet no papel principal, o longa combina ação, política e humanidade, criando uma adaptação que respeita as origens enquanto olha para o futuro.

Uma introdução ousada que respeita o público

Logo de início, Superman assume que seu público conhece o básico sobre o herói. Em poucos segundos, letreiros informam a chegada dos meta-humanos, a origem kryptoniana do protagonista e uma recente derrota que abala sua trajetória. Gunn evita a fórmula batida das origens e mergulha direto na ação, criando uma experiência imersiva que parece saída diretamente de uma edição de HQ já em andamento.

Superman retrata guerra, geopolítica e o custo de ser herói

O filme surpreende ao abordar, de forma direta, conflitos armados e relações internacionais. A intervenção de Superman em uma guerra fictícia entre Borávia e Jahanpur levanta debates sobre soberania, alianças militares e responsabilidade moral. A construção desse cenário reflete conflitos reais, como Rússia e Ucrânia ou Israel e Palestina, e posiciona o herói como uma figura diplomática e controversa.

Essa abordagem política dá profundidade ao roteiro e estabelece um Superman mais humano e ético, que precisa lidar com dilemas complexos em um mundo cada vez mais dividido.

Desinformação e redes sociais como armas modernassão pilares em Superman

Outro ponto alto é a crítica à manipulação da informação. Após impedir a guerra, Superman se torna alvo de uma campanha difamatória, orquestrada por Lex Luthor. Hashtags como #Superespião viralizam, transformando o herói em vilão aos olhos do público. O roteiro mostra como o ambiente digital pode ser usado para distorcer a realidade, explorar o medo coletivo e manipular narrativas.

Esse retrato da desinformação ressoa fortemente com os tempos atuais, onde fake news e discursos de ódio ganham força nas redes sociais. Gunn acerta ao usar o universo dos super-heróis como metáfora para nossos desafios contemporâneos.

Imigração e empatia: o alienígena criado como um de nós

Clark Kent é um imigrante, e Superman não ignora essa faceta essencial do personagem. O filme explora sua criação no Kansas e sua luta para ser aceito, mesmo vindo de outro planeta. A xenofobia contra o herói cresce conforme ele interfere em questões globais, levantando a pergunta: até que ponto estamos dispostos a confiar em quem é “de fora”?

Essa discussão, tratada com sensibilidade, dá força ao legado do Superman como símbolo de esperança, inclusão e empatia. É um herói que defende a humanidade mesmo quando ela não o aceita por completo.

Personagens bem construídos e um elenco equilibrado

David Corenswet entrega um Superman convincente, que mistura nobreza e vulnerabilidade. Rachel Brosnahan, como Lois Lane, traz inteligência e firmeza à personagem, que vai além do papel de interesse romântico. Nicholas Hoult interpreta um Lex Luthor manipulador e obsessivo, ainda que sua performance oscile em certos momentos.

Super e Krypto
Super e Krypto. Foto: Divulgação

Os coadjuvantes também merecem destaque. Mr. Terrific, Guy Gardner, Mulher-Gavião e Metamorfo ampliam o universo da DC sem tirar o foco do protagonista. A presença de Krypto, o supercão, adiciona leveza e coração ao enredo, enquanto a Gangue da Justiça prepara terreno para futuras aventuras.

Visual ousado e algumas escolhas polêmicas

A fotografia é colorida e viva, refletindo o tom otimista do filme. No entanto, o uso frequente de lentes grande angulares em closes, especialmente nas cenas de voo, compromete a imersão e pode causar estranheza. Essa escolha estética, embora ousada, prejudica a fluidez de momentos importantes.

Além disso, o clímax deixa a desejar. A batalha final carece de impacto e criatividade, encerrando a trama de forma apressada. A sensação é de que o filme, após construir tão bem seu mundo e personagens, não entrega um desfecho à altura.

Superman (2025) é o filme que a DC precisava para reconquistar seu espaço no cinema. James Gunn entrega uma obra corajosa, carregada de simbolismo e atualidade. A ação, o humor e a emoção estão presentes, mas é a forma como o longa dialoga com a realidade – falando de guerra, intolerância, imigração e manipulação midiática – que o torna especial.

Ao respeitar o passado e mirar no futuro, Gunn prova que ainda é possível contar boas histórias de super-heróis sem sacrificar inteligência ou sensibilidade. Se o novo DCU seguir esse caminho, os fãs podem respirar aliviados.

Com uma trilha sonora inspiradora, uma fotografia viva e personagens que respeitam suas origens, Superman não é apenas uma boa estreia. É uma carta de amor ao personagem e uma promessa de que a DC, enfim, encontrou o tom certo para seu novo universo.