10 filmes de vampiro que você precisa conhecer
Esqueça o glamour e os clichês: descubra os melhores filmes de vampiro que tratam o mito com profundidade artística e visão autoral. Uma lista para cinéfilos exigentes.
Publicado em 29 de Abril de 2025, às 22h23
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O cinema de vampiros é um dos mais prolíficos da história, mas também um dos mais maltratados. A figura do ser noturno que seduz e suga sangue já foi banalizada por modismos, saturada por roteiros genéricos e reduzida a produto adolescente. Porém, quando nas mãos de cineastas que entendem o poder da imagem e a densidade simbólica do mito, o vampiro se transforma em algo muito maior: um espelho sombrio da condição humana.
Nesta seleção, deixamos de lado a superficialidade e mergulhamos em filmes que usam o vampirismo como veículo para explorar temas como solidão, arte, morte, desejo e o tempo. São obras que valorizam a estética, a atmosfera e o subtexto — sem abrir mão da inquietação que o horror verdadeiro deve provocar.
1. Nosferatu (1922) – F.W. Murnau
Um dos pilares do expressionismo alemão e do próprio cinema de horror. Nosferatu não apenas adaptou Drácula sem os direitos do livro, como reinventou o mito com uma estética visual arrebatadora. O conde Orlok é menos um sedutor e mais uma personificação da peste e do medo. Um filme mudo que diz mais do que muitos roteiros contemporâneos falantes.
2. Vampyr (1932) – Carl Theodor Dreyer
Vampyr é um pesadelo lírico. Carl Dreyer, um dos maiores nomes da história do cinema, cria uma experiência quase hipnótica com sombras, neblina e câmera subjetiva. A lógica narrativa é onírica — e é exatamente isso que o torna tão perturbador. Um filme para quem entende o cinema como uma arte de sensações.
3. Fome de Viver (The Hunger, 1983) – Tony Scott
Com David Bowie e Catherine Deneuve, este thriller gótico estilizado se tornou um cult. Tony Scott transformou o vampirismo em uma metáfora da decadência estética e emocional. Imagens impactantes, erotismo sofisticado e uma trilha sonora poderosa fazem desse filme uma obra única sobre o medo de envelhecer — e de ser esquecido.
4. Deixa Ela Entrar (2008) – Tomas Alfredson
Este filme sueco é delicado e brutal ao mesmo tempo. A história de amizade (ou seria codependência?) entre uma criança solitária e uma jovem vampira é contada com minimalismo e sensibilidade. Um conto de terror moderno que jamais apela para o fácil — e que transforma o horror em uma poesia congelada.
5. A Sombra do Vampiro (2000) – E. Elias Merhige
Aqui, o mito encontra o metacinema. Willem Dafoe vive Max Schreck como se ele fosse um vampiro real nos bastidores de Nosferatu. Um filme sobre obsessão artística, sobre o que estamos dispostos a sacrificar pela arte — inclusive a alma. Engraçado, sombrio e extremamente inteligente.
6. Drácula de Bram Stoker (1992) – Francis Ford Coppola
Francis Ford Coppola transformou o romance gótico de Bram Stoker em um espetáculo operístico. O uso exclusivo de efeitos práticos, a fotografia exuberante e a direção barroca conferem peso trágico à figura do vampiro. Gary Oldman entrega um Drácula tão imortal quanto suas dores.
7. Sombras da Noite (Nosferatu: Phantom der Nacht, 1979) – Werner Herzog
Werner Herzog revisita o clássico de Murnau com sua assinatura melancólica. Klaus Kinski interpreta um vampiro trágico, resignado à própria existência. Uma obra contemplativa, mais interessada no vazio da eternidade do que em sustos. Aqui, o horror vem da inevitabilidade.
8. Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive, 2013) – Jim Jarmusch
Jim Jarmusch aborda o vampirismo com sua visão poética e desencantada do mundo moderno. Tilda Swinton e Tom Hiddleston vivem vampiros eruditos, imortais e entediados com a mediocridade humana. Um filme sobre arte, memória e o que significa sobreviver num mundo que esqueceu a beleza.
9. Thirst (2009) – Park Chan-wook
Do diretor de Oldboy, esse filme sul-coreano entrega um drama psicológico com elementos de horror e erotismo. Um padre é transformado em vampiro, e com isso começa a questionar sua fé, seus desejos e sua identidade. Violento, lírico e visualmente impecável.
10. A Girl Walks Home Alone at Night (2014) – Ana Lily Amirpour
Uma fábula feminista em preto e branco, ambientada numa cidade fictícia iraniana. Vampira, skate, rock alternativo e crítica social convivem harmoniosamente nesse que é um dos filmes mais autorais da última década. Um filme para quem ama o cinema de gênero com ousadia estética.
Além desses, destaco outros filmes que também merecem atenção, como Byzantium (2012), de Neil Jordan, Martin (1976), de George A. Romero, Ganja & Hess (1973), de Bill Gunn, Nadja (1994), de Michael Almereyda e Let Me In (2010), de Matt Reeves
Esses filmes provam que o vampirismo continua a ser uma das metáforas mais ricas do cinema — desde que tratado com respeito à inteligência do público e à potência da linguagem cinematográfica. Aqui, o sangue é apenas o ponto de partida. O que importa, de fato, é o que o filme suga da alma de quem assiste.
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