O Brutalista: László Tóth existiu? Entenda a história do filme indicado ao Oscar

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Descubra se O Brutalista é baseado em uma história real, quem foi o verdadeiro László Tóth e como o filme se inspira em eventos históricos e figuras da arquitetura brutalista.

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 22 de Fevereiro de 2025, às 10h37

O Brutalista: László TóthO Brutalista: László Tóth. Foto: Divulgação

Indicado a 10 prêmios no Oscar 2025, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Adrien Brody, O Brutalista acompanha a jornada do arquiteto húngaro László Tóth, um gênio da arquitetura brutalista que, após sobreviver ao Holocausto, busca recomeçar nos Estados Unidos.

Comissionado pelo magnata Harrison Van Buren (Guy Pearce), ele se vê envolvido em uma ambiciosa obra arquitetônica. Mas afinal, o filme é baseado em fatos reais?

O Brutalista se baseia em uma história real?

Apesar do tom de cinebiografia, O Brutalista é uma obra de ficção. O diretor Brady Corbet e a roteirista Mona Fastvold criaram a história do zero, ainda que elementos reais sirvam de inspiração.

Arquitetos judeus, como o fictício Tóth, realmente sofreram perseguições durante a Segunda Guerra Mundial, e alguns imigraram para os EUA para reconstruir suas carreiras.

Marcel Breuer serviu de inspiração para o filme O Brutalista. Foto: Divulgação

Uma influência clara para o personagem é Marcel Breuer, famoso arquiteto modernista e brutalista, conhecido por obras icônicas como o Met Breuer em Nova York. Além disso, a trajetória de Tóth pode lembrar a do arquiteto Ernő Goldfinger, húngaro e judeu que fugiu dos nazistas e fez carreira no Reino Unido.

Quem foi o verdadeiro László Tóth?

László Tóth, arquiteto. Foto: Divulgação

Se você buscar por “László Tóth” no Google, encontrará um nome famoso, mas que não tem relação com arquitetura. O verdadeiro László Tóth foi um geólogo húngaro que, em 1972, ficou conhecido por vandalizar a Pietà de Michelangelo com um martelo. As autoridades não o prenderam, mas o internaram por dois anos em uma instituição psiquiátrica porque ele sofria de distúrbios mentais e acreditava ser o próprio Cristo.

Existe alguma conexão entre os dois László Tóth?

O nome igual e um detalhe específico do filme geraram dúvidas sobre uma possível conexão. Em O Brutalista, Tóth e Van Buren viajam para Carrara, na Itália, em busca de um bloco de mármore para uma obra monumental. Coincidentemente, o verdadeiro Tóth destruiu uma escultura feita do mesmo tipo de mármore.

Entretanto, segundo o diretor Brady Corbet, isso foi apenas uma coincidência. “László Tóth é um nome muito comum na Hungria, como John Smith nos EUA”, explicou em entrevista. Embora o nome esteja poeticamente conectado ao filme, escolheram-no sem a intenção de fazer referência.

A obsessão como tema central de O Brutalista

No centro da narrativa está a paixão obsessiva de Tóth por sua arquitetura. Em uma das cenas marcantes, sua esposa, Erzsébet (Felicity Jones), pergunta: “Prometa-me que isso não vai te enlouquecer?”. Tóth promete, mas a intensidade em seu olhar revela que a obsessão já o consome.

A produção de O Brutalista teve influência de cineastas clássicos, com sua duração de três horas e meia e filmagem em VistaVision, um formato pouco usado desde 1961. Adrien Brody mergulhou no papel trazendo elementos de sua própria história, já que sua mãe é uma imigrante húngara que fugiu da Revolução de 1956.

Arquitetura brutalista e suas influências no filme

A designer de produção Judy Becker foi responsável por criar os projetos arquitetônicos do personagem. Ela se inspirou em nomes como Marcel Breuer e Tadao Ando, criando uma biblioteca e um instituto público que refletem a evolução de Tóth como arquiteto.

Para economizar no orçamento do filme (estimado em US$ 10 milhões), a equipe utilizou miniaturas para representar os edifícios. Uma delas, feita de cartão, é vista na cena em que Tóth apresenta seu projeto a Van Buren.

O Brutalista e sua recepção

Desde sua estreia no Festival de Veneza, O Brutalista conquistou aclamação crítica. O filme se destaca pela forma como explora o trauma, a resiliência e o impacto da arte e da arquitetura. Indicado ao Oscar em 10 categorias, ele já é considerado um dos grandes filmes do ano.

Com um elenco de peso e uma história complexa, O Brutalista se firma como um dos dramas mais impactantes da atualidade. Seu protagonista pode ser fictício, mas sua jornada ressoa com a de muitos imigrantes e artistas que tentam deixar sua marca no mundo.