James Gunn cria um Superman mais humano e usa músicas pontuais para reforçar a narrativa
James Gunn aposta em músicas pontuais em Superman para reforçar emoções e construir um herói mais humano e conectado à cultura da Terra.
Publicado em 15 de Julho de 2025, às 15h07
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James Gunn sempre soube como usar músicas para reforçar emoções e narrativas. Aliás, desde Guardiões da Galáxia, quando fez uma nova geração redescobrir nomes como Redbone e Blue Swede, ele mostrou que entende o poder da trilha sonora.
Em O Esquadrão Suicida, reforçou esse traço. As músicas foram escolhidas com mais estratégia do que no filme anterior da franquia. Mas agora, com Superman, a expectativa era ainda maior. Gunn inaugura o tom e o estilo que vão guiar todo o novo Universo DC.
Então, mesmo com limitações no uso de músicas licenciadas, cada escolha tem propósito. As canções reforçam personagens, emoções e a própria história.
Uma trilha que conversa com o herói
A trilha original foi composta por John Murphy e David Fleming. As músicas são novas, enérgicas e ajudam a dar identidade ao Superman de David Corenswet.
Gunn até recorre, com cuidado, à clássica trilha de John Williams. Mas faz isso sem se apoiar apenas na nostalgia. O filme se passa em uma realidade semelhante à nossa, o que justifica usar músicas conhecidas para reforçar essa ambientação.
Um bom exemplo é “5 Years Time”, da banda Noah and the Whale. Ela embala uma das melhores cenas de ação do filme. Lois Lane e Senhor Incrível invadem o complexo militar de Lex Luthor, que esconde um portal para seu universo de bolso.
Música para dar leveza e humanidade
Mesmo com riscos altos, a música leve reforça que ainda estamos em um filme divertido de super-herói. Gunn sabe suavizar a violência usando esse tom mais descontraído.
A cena mostra como o Senhor Incrível lida com vilões de forma bem diferente de Clark. Mas é Lois quem se destaca. Pela primeira vez, ela vê de perto a ação dos heróis que sempre cobriu no Planeta Diário.
Outra escolha marcante surge no momento mais emotivo do filme. A música “Punkrocker”, com Iggy Pop, embala a cena de Clark assistindo a um vídeo deixado por seus pais adotivos.
Ele reflete sobre seu papel na Terra. Ao contrário da mensagem de seus pais kryptonianos, Clark encontra conforto na cultura humana que aprendeu a amar.
O Superman mais humano e mais rock and roll
Clark gosta de punk rock. Antes, isso era tratado com humor. Mas, no final, a música ganha um peso sentimental e reforça suas escolhas.
Lois brinca sobre ele gostar da fictícia banda The Mighty Crabjoys. Ela muda de ideia ao ver o pôster da banda em seu antigo quarto no Kansas. Isso reforça como Clark cresceu como um jovem comum, com gostos e referências bem humanos.
Esses detalhes conectam o filme ao restante do novo DCU. A banda já apareceu na série Creature Commandos.
As escolhas musicais ajudam Gunn a criar um universo que é novo, mas familiar. Ele constrói sua própria mitologia e ainda assim aproxima o público com referências culturais reconhecíveis.
Música como ponte entre fantasia e realidade
Em Guardiões da Galáxia, as músicas conectavam Peter Quill ao nosso mundo. Em Superman, Gunn mostra que a cultura pop evoluiu diferente. Ainda assim, as músicas servem como pontes narrativas.
Outro detalhe interessante é como ele aproxima a ficção da nossa realidade. Lex Luthor remete a CEOs de tecnologia. O Planeta Diário lembra veículos jornalísticos conhecidos.
Os conflitos entre Boravia e Jarhanpur refletem temas reais, como Israel e Palestina. Mesmo num mundo de superpoderes, Superman quer dialogar com as discussões do nosso tempo.
Por fim, as músicas costuram esse universo com mais humanidade e aproximam o público dos dilemas do herói.