The Electric State: entre a expectativa e a Adaptação da Netflix
A adaptação da Netflix de The Electric State aparenta fugir um pouco da obra original, o que não agradou os fãs.
Publicado em 18 de Fevereiro de 2025, às 14h39
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A adaptação de The Electric State, novo filme da Netflix dirigido pelos Irmãos Russo, está gerando um intenso debate entre os fãs da obra original. Baseado na graphic novel distópica do artista sueco Simon Stålenhag, o filme promete uma grande produção, mas os trailers divulgados até agora indicam uma abordagem bastante diferente da proposta original.
Os Irmãos Russo seguem tentando fazer sua parceria valer o investimento. The Grey Man não se tornou a franquia esperada. Embora se falasse em uma sequência, o futuro do projeto continua incerto. Agora, The Electric State surge com uma abordagem diferente sobre revolta de robôs e inteligência artificial.
O Que Tornou The Electric State uma Obra Especial?
A graphic novel de Simon Stålenhag se destacou por sua abordagem visual e narrativa melancólica, com um estilo retrofuturista marcado por paisagens desoladas, robôs imponentes e uma crítica ácida ao consumismo.
A história acompanha uma jovem que viaja por uma América distópica ao lado de um robô, em uma jornada introspectiva e minimalista. O formato narrativo da graphic novel, que intercala textos curtos com imagens impactantes, reforça seu tom contemplativo.
A história critica o consumismo e explora os efeitos da dependência tecnológica. Já a adaptação parece ignorar esse subtexto ao adotar um visual vibrante e um tom mais leve, mas, não é algo que vimos no trailer, mas sim uma rebelião de robôs.
As Mudanças na Adaptação e a Reação dos Fãs
Os trailers divulgados pela Netflix mostram uma abordagem completamente diferente, com um tom mais vibrante e uma estética que remete a um blockbuster tradicional. Em vez da atmosfera melancólica e silenciosa do material original, a adaptação parece seguir um estilo mais dinâmico, com humor e sequências de ação, elementos que não estão presentes na obra de Stålenhag.
Então, comparado a obra original, podemos dizer que as diferenças que vimos no trailer são:
- Um visual colorido e estilizado, em contraste com a arte sombria e introspectiva da graphic novel.
- Um tom mais leve e com humor, diferente da atmosfera desesperadora da obra original.
- Inclusão de novos personagens que não fazem parte da história de Stålenhag.
- Ausência de elementos essenciais da narrativa original, como os capacetes de controle dos robôs, que eram centrais para a temática da história.
Essa mudança de tom gerou uma divisão entre os espectadores: enquanto alguns apreciam a liberdade criativa dos diretores, outros sentem que a essência da obra foi diluída.
A Diferença de Visão Entre os Irmãos Russo e Stålenhag
Os Irmãos Russo deixaram claro que sua adaptação seria mais voltada para uma nova interpretação da história, em vez de uma transposição fiel. Em entrevistas, Anthony e Joe Russo revelaram que buscaram inspiração em clássicos dos anos 80, como De Volta para o Futuro, para criar uma narrativa mais acessível e comercial.
No entanto, muitos acreditam que essa abordagem é incompatível com a proposta original de The Electric State, que se distancia de uma estrutura tradicional de narrativa cinematográfica.
Além disso, os Irmãos Russo declararam que usaram a arte da graphic novel apenas como inspiração para criar uma nova história. Suas referências incluem os filmes da Amblin e produções de Robert Zemeckis. Esse direcionamento, no entanto, se afasta da essência minimalista e reflexiva do material original.
Aliás, a Netflix também foi alvo de críticas por não ter mencionado Stålenhag nos créditos iniciais do teaser, algo que foi corrigido posteriormente após a reação negativa do público.
Reflexão: O Quão Fiél uma Adaptação Deve Ser?
A discussão em torno de The Electric State levanta uma questão recorrente sobre adaptações: até que ponto um diretor deve se manter fiel ao material original? Enquanto algumas adaptações conseguem manter a essência da obra mesmo com mudanças significativas, outras acabam descaracterizando por completo aquilo que tornava a história especial.
Se por um lado The Electric State pode atrair um novo público com sua abordagem mais acessível, por outro, a produção parece se distanciar do que fez da graphic novel um sucesso cult.
A série Tales from the Loop, da Amazon, mostrou que é possível traduzir o universo visual de Stålenhag para a tela sem comprometer sua essência. No entanto, The Electric State parece seguir um caminho mais comercial. A escolha de um elenco estrelado, incluindo Millie Bobby Brown e Chris Pratt, reforça essa impressão.
Com a estreia prevista para 2024, o filme ainda tem tempo para surpreender e mudar a percepção do público.
Por fim, os fãs da obra original terão que decidir se enxergam na adaptação algo além de uma grande produção da Netflix ou se lembrarão The Electric State como mais um exemplo de como a liberdade criativa pode dificultar a adaptação de obras queridas pelo público.