Crítica | Crônicas Saxônicas – Bernard Cornwell

Crônicas Saxônicas é uma série de 13 livros escrita por Bernard Cornwell e que conta a história do nascimento da Inglaterra. Ela conta a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Essa série não se resume a cenas de batalhas bem escritas e reviravoltas cheias de ação e suspense. O livro apresenta os elementos que consagraram Cornwell: história e aventura na dose exata. Uma fábula sobre guerra e heroísmo que encanta do início ao fim.

Eu comecei a ler mais em 2018. Antes disso só tinha lido poucas coisas, como Battle Royale de Koushun Takami e Deuses Americanos de Neil Gaiman. Porém a minha bagagem de ficção na leitura não é grande, já que muitos dos livros que eu li estão em outra vertente. Por isso talvez acho que posso estar um pouco emocionado quando descrevo Crônicas Saxônicas de Cornwell.

Porque essa é, de longe, a série de livros que eu mais me viciei. Tive até que espaçar os livros e colocar outros assuntos no meio do caminho, já que o primeiro livro me pegou tanto que, desde que terminei ele no começo de 2022, eu precisei de só um ano para ler todos os outros 12 que compõe a série. Me obrigando a ler sobre assuntos diferentes no meio do caminho de tanto que ela conseguiu me prender.

Cornwell tem uma maneira incrível de contar histórias. Ele consegue criar personagens muito carismáticos, mesmo quando pouco fala sobre eles nas páginas de cada livro. Chegando ao absurdo de nos fazer nos importar com alguém que ele apresentou 50 páginas antes e que, mesmo assim, sentimos a sua morte que era claramente algo telegrafado desde o início.

Além disso ele consegue nos surpreender o tempo todo. Existe uma ou outra reviravolta no roteiro que eu consegui prever, mas em geral eu diria que é quase impossível fazer isso com as maiores. Sendo algo que ele vai sim colocando pequenas dicas no meio do caminho, mas que quando chega ficamos extremamente imersos e chocados com o que acontece. Uma proeza que, pelo menos em outras mídias, me parece bem complexo de se fazer e que nos livros eu acharia que era mais difícil ainda por ter tanta exposição da história.

Mas acho que todo mundo conhece Cornwell pelas suas descrições do momento da batalha. É incrível como quando você começa a ler sobre uma batalha, é muito difícil parar no meio dela. Precisando chegar até o final por conta da maneria que ele nos coloca no meio das batalhas como se estivéssemos na parede de escudos. Mas isso tudo sem precisar ficar romantizando elas, e mostrando como, na realidade, as batalhas são o inferno na terra e que não é legal estar no meio delas.

Eu sei que são 13 livros. Sei que não é todo mundo que tem esse hábito ou esse tempo todo. Mas acho que se você gosta de séries medievais, como Vikings e The Last Kingdom (que por sinal é baseada nessa série do Cornwell), essa é uma série que é quase indispensável. Nos mostrando como utilizar da história real para nos contar uma ficção que nos prende e nos deixa o tempo todo querendo saber o que vai acontecer.

A melhor série que eu já li na minha vida, e que sinceramente, acho bem difícil que alguém consiga fazer tão bem quanto esse autor.

Título: Crônicas Saxônicas
Autor: Bernard Cornwell
Livros: 13 (O último rei [Volume 1], O cavaleiro da morte [Volume 2], Os senhores do norte [Volume 3], A canção da espada [Volume 4], Terra em chamas [Volume 5], Morte aos reis [Volume 6], O guerreiro pagão [Volume 7], O trono vazio [Volume 8], Guerreiros da tempestade [Volume 9], O portador do fogo [Volume 10], A guerra do lobo [Volume 11], A espada dos reis [Volume 12], O senhor da guerra [Volume 13])
Nota: 10/10