Thunderbolts e Invasão Secreta estão preparando o terreno para “O Cerco” no MCU?

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O cerco é uma culminação da história de Reinado Sombrio, que viu Norman Osborn se tornar o principal oficial de defesa dos Estados Unidos

Autor Gabriel Barbosa
Gabriel Barbosa

Publicado em 12 de Abril de 2025, às 09h49

Siege, da Marvel comicsSiege, da Marvel Comics. Foto: Divulgação

O Universo Cinematográfico da Marvel atravessa uma transição marcante. Após o impacto de Invasão Secreta e com o filme Thunderbolts no horizonte, tudo indica que a Marvel Studios está plantando as sementes para adaptar, mesmo que de forma livre, um dos arcos mais importantes da década de 2010 nos quadrinhos: “O Cerco” (Siege).

Escrito por Brian Michael Bendis e ilustrado por Olivier Coipel, Siege (2010) encerra a fase iniciada após a Guerra Civil e a Invasão Secreta nos quadrinhos. E se você acha que o MCU está indo exatamente nessa direção, você está certo.

O fim da confiança: como Invasão Secreta muda tudo

Invasão Secreta. Foto: Divulgação

No final da série Invasão Secreta, vemos a humanidade mergulhar em paranoia. Com a revelação de que figuras públicas foram substituídas por Skrulls, o planeta entra em estado de vigilância extrema. Essa atmosfera reflete o início da chamada Dark Reign nos quadrinhos — um período sombrio em que Norman Osborn assume o controle da segurança global após supostamente derrotar a rainha Skrull, Veranke, durante a Invasão Secreta (Secret Invasion #8, 2009).

No MCU, a figura que se ergue nesse vácuo de poder é Thaddeus “Thunderbolt” Ross, agora presidente dos Estados Unidos. A ascensão de Ross não só representa a militarização da política, como também antecipa um confronto direto com seres superpoderosos considerados “incontroláveis”, como os asgardianos de Nova Asgard.

Thunderbolt Ross como substituto de Norman Osborn?

Nos quadrinhos, Osborn lidera a HAMMER, a substituta da S.H.I.E.L.D., e forma sua própria equipe de “heróis” — os Vingadores Sombrios (Dark Avengers) — com vilões disfarçados de figuras heroicas. Já no MCU, Ross parece caminhar em direção semelhante, reunindo um grupo de anti-heróis e ex-vilões como Yelena Belova, Bucky Barnes e Treinador, que formarão os Thunderbolts.

A diferença é que, nos quadrinhos, o ataque à cidade flutuante de Asgard é a faísca que inicia o “Cerco”. No MCU, essa faísca pode vir da desconfiança pública gerada pelos Skrulls, com Nova Asgard servindo como bode expiatório.

Nova Asgard: o novo alvo do medo

Após os eventos de Thor: Ragnarok e Vingadores: Ultimato, os asgardianos se estabeleceram na Terra, em Nova Asgard. Muitos veem o local como uma ameaça potencial. Especialmente após eventos como o ataque de Gorr em Thor: Amor e Trovão, apesar de sua aparência pacífica.

Nos quadrinhos, Osborn usa a explosão de Volstagg em Soldier Field como pretexto para atacar Asgard em Siege: The Cabal (2009). No MCU, bastaria um incidente envolvendo os asgardianos — ou até mesmo manipulação da informação — para que Ross e sua equipe tenham o “motivo” para agir.

O Sentinela: a peça-chave que faltava

O fato de o Sentinela (Sentry) estar em Thunderbolts não pode ser ignorado. Nos quadrinhos, Robert Reynolds é um personagem com poder absoluto e instabilidade mental profunda. Ele é essencial para Osborn na invasão de Asgard, mas se torna o estopim para sua queda quando o Vácuo.

Em Siege #4, o Vácuo destrói Asgard, levando os heróis a intervirem. É Loki, ironicamente, quem ajuda os Vingadores a derrotar o Vácuo, em uma das mortes mais marcantes da saga.

A introdução do Sentinela no MCU, com base no soro do super soldado e na engenharia reversa do DNA skrull (como visto em Gravik), pode resultar em uma arma que Ross acredita controlar — mas que se volta contra ele.

E G’iah? Onde ela entra nessa história?

G’iah
G’iah. Foto: Divulgação

G’iah, agora um Super-Skrull com poderes combinados de diversos heróis, representa o que o governo mais teme: um ser incontrolável com capacidades destrutivas em escala planetária. Isso a coloca no radar de qualquer regime autoritário.

No contexto de “O Cerco”, G’iah seria equivalente à ameaça que Osborn vê nos asgardianos. A questão que fica é: Ross tentará recrutar G’iah como arma, como fez Osborn com o Sentinela, ou tentará destruí-la antes que ela assuma um papel de liderança global?

Wanda Maximoff e a chance de redenção

Outro elemento dos quadrinhos que pode surgir no MCU é o retorno de Wanda. Em Siege, Loki age por interesse próprio, mas acaba sendo a chave para deter o Vácuo. No MCU, esse papel pode ser dado à Feiticeira Escarlate.

Se Wanda retornar após os eventos de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, pode ser como uma força capaz de equilibrar o jogo — ou como um fator de instabilidade ainda maior. A dúvida sobre o que ela é capaz de fazer pode influenciar diretamente Ross a agir com severidade.

O Cerco está vindo. E já começou.

Tudo aponta para uma releitura de Siege, adaptada ao contexto do MCU atual. Não será uma cópia literal, mas sim uma reconstrução temática: paranoia, autoritarismo, guerra preventiva e o colapso da confiança entre humanos e super-seres.

O universo que começou com um homem construindo uma armadura em uma caverna agora se vê à beira de uma guerra ideológica. E se o futuro realmente passar por Thunderbolts, Capitão América: Admirável Mundo Novo e a introdução do Sentinela, então o Cerco já começou — e o mundo vai assistir à queda de uma nova Asgard, com consequências muito além do que podemos prever.